Sucesso como mães e empreendedoras

As histórias de duas mulheres que escolheram o caminho do negócio próprio para conciliar a vida profissional e o cuidado com os filhos.

Por Itaú Empresas

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Muitas mulheres escolhem o caminho do empreendedorismo para continuar se desenvolvendo profissionalmente e ao mesmo tempo ter flexibilidade para conciliar o trabalho com o papel de mãe. As empresárias Maria Cristina Tavares De Mello Corrêa, dona da Casa dos Parafusos, em São Paulo (SP), e Priscila Andrea Salvador Vieira, sócia da loja Center Som, de som e acessórios automotivos, em Sorocaba, no interior paulista, fazem parte desse grupo. Conheça essas duas histórias.

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A força de uma empreendedora que já venceu várias crises

Maria Cristina tem 62 anos de idade e é mãe de Rebecca, uma jovem de 22 anos que tem síndrome de Down. Ela se tornou empresária no início da pandemia, quando assumiu a loja especializada em parafusos que o marido, João Carlos, mantinha desde 1980 na avenida Rio Branco, no centro da capital paulista. Antes, trabalhou como professora e auxiliar de direção em escola de educação infantil, carreira da qual se aposentou há dez anos.

Há sete anos, Maria Cristina começou a ajudar o marido em tarefas administrativas e foi conhecendo o negócio mais a fundo. A loja possui cerca de 15 mil itens, entre parafusos, porcas, buchas e outras peças desse universo.

Com problemas de saúde, João Carlos acabou se afastando da empresa em 2020, mas continuou dando apoio e consultoria a Maria Cristina até o final do ano passado, quando foi hospitalizado e, em janeiro deste ano, acabou falecendo. Perder o marido e apoiador não foi o único grande desafio que ela enfrentou desde que se tornou empreendedora. Na pandemia, como a maioria dos negócios, a Casa dos Parafusos sofreu com a queda do movimento. “Precisamos recorrer a um empréstimo bancário para pagar salários e recompor o nosso capital de giro”, ela recorda. “Tivemos todo o apoio que precisávamos para atravessar aquele período”.

Passado o pior período da pandemia, surgiu outro grande desafio. O quarteirão em que a loja estava localizada tornou-se um dos novos pontos de concentração de usuários de crack da região do centro paulistano conhecida como Cracolândia, inviabilizando o negócio. No segundo semestre do ano passado, ela decidiu transferir a loja para o bairro do Jabaquara, na zona Sul, para começar um novo capítulo da história da Casa dos Parafusos. “Consegui trazer os cinco funcionários que trabalhavam comigo no centro para a nova loja”, ela se orgulha. “Todos nós dependemos da empresa para sustentar nossas famílias.” Embora tenha conseguido manter parte da clientela, que se desloca até o novo endereço ou faz pedidos de entrega, a mudança provocou uma perda grande no faturamento do negócio. “Mas estamos conseguindo, a cada mês, aumentar um pouco mais nossas vendas”, ela conta.

O novo endereço fica perto de onde ela mora, facilitando a sua rotina. Maria Cristina é o tipo de empreendedora que, quando precisa, vai com o próprio carro buscar mercadoria e entregar produtos para clientes. E concilia o trabalho na empresa com os cuidados com a filha, que incluem visitas regulares a médicos e terapeutas. Além disso, três vezes por semana, ela leva a filha pela manhã a um lugar voltado à inclusão de pessoas com deficiência, indo buscá-la no final da tarde. “Minha rotina é bem louca”, ela reconhece. “Mas não dá para deixar a peteca cair.” Quando pensa no futuro, ela torce para que a economia do País volte a crescer, para beneficiar não apenas o seu negócio, mas a vida de todos os brasileiros. Sonha também em ver a filha ir ganhando cada vez mais autonomia, com a ajuda das terapias que vem podendo proporcionar a ela em grande parte graças aos resultados da Casa dos Parafusos. “E quero continuar tendo saúde, cabeça e energia para tocar o negócio por pelo menos mais dez anos”, ela afirma. “Quem sabe, muito mais.”

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25 anos de sucesso na instalação de som e acessórios automotivos

Priscila Andréa Salvador Vieira estava com 22 anos de idade e trabalhava como balconista em uma ótica de Sorocaba, sua cidade natal, quando o marido, Alessandro Vieira, perdeu o emprego de instalador em uma loja de som e acessórios automotivos. O casal não tinha economias, mas um pequeno salão comercial do pai de Priscila, no bairro Central Parque, estava disponível e eles decidiram empreender no ramo em que o marido atuava.

A primeira venda eles não esquecem até hoje. O cliente aceitou comprar o alarme que estava instalado no carro de Alessandro. “Ele tirou do próprio carro e instalou no do cliente”, ela conta. Nascia ali a Center Som Sorocaba, que em 2023 completa 25 anos de história. Hoje em um salão bem maior, com capacidade para cinco veículos, vizinho ao que deu início ao negócio, a empresa oferece serviços como instalação de som, equipamentos de multimídia, alarme, reforma de estofamento e tapeçaria. Donos de veículos antigos, incluindo colecionadores, constituem uma parte importante da clientela do negócio. “Eles procuram a gente para reformar todo o interior do carro”, diz Priscila. Nos primeiros anos, ela trabalhava como ajudante do marido e também como instaladora de alarme, som e acessórios. “Aprendi a fazer de tudo”, recorda. Com o crescimento do negócio, o casal contratou profissionais para realizar essas tarefas e Priscila passou a se concentrar na parte administrativa da empresa.

Priscila costuma achar graça da desconfiança que muitos homens ainda demonstram ao ser atendidos por ela. “Pelo telefone, é comum o cliente pedir para falar com um técnico, como se uma mulher não pudesse entender desse assunto”, ela comenta. Ter o próprio negócio trouxe outras vantagens, além da recompensa material. “Ser empreendedora me deu flexibilidade para conciliar a vida profissional com o papel de mãe”, ela observa. O casal tem dois filhos – Giovanna Alessandra, de 20 anos, que está cursando faculdade de biomedicina, e Murillo Alessandro, de 9 anos – e se divide na tarefa de levá-los para a escola e outras atividades. “Sempre exigimos que nossos filhos praticassem muito esporte”, ela conta. Com o apoio e estímulo dos pais, ambos se destacaram desde cedo no esporte. Giovanna fez natação e kung-fu, modalidade na qual se tornou faixa roxa aos 10 anos de idade; e Murillo hoje treina MMA. A própria Priscila e o marido também praticaram kung-fu durante cinco anos, até o nascimento do caçula. “Depois, a vida ficou muito corrida e acabei parando”, ela lamenta.

Entre os parceiros que tem ajudado a Center Som Sorocaba ao longo dos anos, Priscila cita o Itaú, no qual concentra o seu relacionamento bancário. “Sou uma administradora bastante centrada e raramente recorro a financiamentos. Mas, quando precisei, durante a pandemia, de um empréstimo para capital de giro, tive todo o apoio de que precisava”, ela conta. “É ótimo ter parceiros assim.”