Você conhece o Canvas?
Por Itaú Empresas
Você conhece o Canvas?
Qual empreendedor nunca se perguntou sobre a viabilidade de sua empresa? Um forte aliado para ajudar a visualizar as dúvidas a serem questionadas e quais cuidados são essenciais nesse percurso é o Canvas, uma ferramenta de planejamento estratégico que vai ajudar a desenvolver e elaborar modelos de negócios novos ou existentes. Convidamos Ana Fontes, proprietária do espaço de coworking Natheia e fundadora da Rede Mulher Empreendedora, para esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto.
O que é o Canvas?
“O Canvas é uma ferramenta visual que utiliza conceitos de Design Thinking bastante simples e que ajuda o empreendedor a ter uma visão básica de um modelo de negócios e as interações necessárias para construção desse modelo”, explica Ana. O Canvas ajuda a organizar as ideias e dá os caminhos de informações que a empreendedora deve buscar para construir o seu modelo de negócios. Mas é importante entender que Canvas é uma ferramenta e ele sozinho não resolve sua ideia ou seu negócio. Fazer prototipação (MVP) é o próximo passo do seu Canvas. Buscar consumidores que queiram pagar pelo seu produto ou serviço é o melhor teste”, alerta.
Qual o melhor momento para usá-lo?
“O Canvas é mais efetivo na fase de ideia de negócio, ou seja, no momento em que você tem uma ideia, mas ainda não sabe qual caminho seguir, quem são os clientes, qual sua proposta de valor. Ele pode e deve ser utilizado por empresas que querem criar ou lançar um novo produto. Mas nada impede que seja utilizado, também, por organizações já existentes que queiram rever seu modelo de negócios e repensá-lo na visão do cliente”, explica.
Como estruturá-lo?
Você irá elaborar um mapa visual pré-formatado contendo nove blocos. As ideias representadas formam a conceitualização do seu negócio, ou seja, a forma como você irá operar e gerar valor ao mercado, definindo seus principais fluxos e processos, permitindo uma análise e visualização do seu modelo de atuação no mercado:
- Proposta de valor: o que sua empresa vai oferecer para o mercado que realmente terá valor para os clientes. “Há diferentes maneiras de se criar valor. Por exemplo, na Natura, é novidade, na rede Spoleto, é a personalização, para o Groupon, é a redução de custos. Para criar essa proposta de valor, saiba claramente qual é a sua solução. Agora esqueça essa resposta: não é isso que vai chamar a atenção do cliente! Saiba qual é a “dor” que você anestesia! Esse sim é o primeiro passo para se relacionar com o cliente. Agora defina: O que o cliente ganha ao comprar o seu “analgésico”? Essa é a sua proposta de valor”, explica Ana.
- Segmento de clientes: quais segmentos de clientes serão foco da sua empresa? Ou seja, quais os diferentes grupos de pessoas ou organizações que o seu negócio busca alcançar? Por exemplo, os clientes do Google são anunciantes e usuários de internet, enquanto os clientes do Dropbox são usuários de internet que querem compartilhar arquivos.
- Os canais: como o cliente compra e recebe seu produto e serviço? Este bloco descreve como a empresa estabelece sua comunicação com o segmento de cliente desejado, a fim de entregar a proposta de valor. São os meios pelos quais os clientes serão atingidos. “O Magazine Luiza, por exemplo, utiliza terminais multimídia de vendas, lojas próprias, televendas, centrais de atendimento, divulgação em TV. Enfim, não há limites de canais, use quantos forem necessários para que o seu cliente seja atingido.”
- Relacionamento com clientes: este bloco descreve o tipo de relacionamento que a empresa estabelece com cada segmento de cliente específico. “Aqui, questione-se: que tipo de relacionamento cada um dos nossos segmentos de clientes espera que seja estabelecido com eles?”, ensina Ana.
- Fontes de receita: representa de que forma a empresa gerará receita a partir de cada segmento de clientes. Pergunte-se: qual valor este cliente está realmente disposto a pagar pelo produto/serviço?
- Recursos principais: são aqueles necessários para realizar as atividades-chave. “Por exemplo, são recursos físicos: fábricas, edifícios, veículos, máquinas, sistemas, pontos de venda e redes de distribuição. São recursos intelectuais as marcas, os conhecimentos particulares, patentes e registros, parcerias e banco de dados. Já os recursos humanos são cruciais em indústrias criativas e de conhecimento, enquanto em recursos e garantias financeiras, são o dinheiro e as linhas de crédito”, explica.
- Atividade-chave: aqui, vale analisar: quais são as atividades essenciais para que seja possível entregar a proposta de valor? Descreva as ações mais importantes que a empresa deve fazer para que o modelo de negócio funcione.
- Parcerias principais: este bloco descreve a sua rede de parceiros e fornecedores que fazem seu modelo de negócio funcionar. “Questione-se: quem são os seus principais parceiros? Como eles te ajudam a entregar a proposta de valor?”. Lembre-se de que há diversos tipos de parcerias, com variados objetivos.
- Estrutura de custos: descreve a estrutura de custos envolvida em toda a operação do modelo de negócio. Pergunte-se: quais são os custos mais importantes em seu modelo de negócio? Mas atenção: coloque apenas os custos-chave! E lembre-se de que há custos fixos, ou seja, que se mantêm independentes do volume de artigos ou serviços produzidos, e custos variáveis, que oscilam proporcionalmente com o volume de artigos ou serviços.
Na prática, siga as dicas:
- Nunca escreva em seu Canvas! Use post-its.
- Imprima o quadro e coloque-o em uma parede.
- Use cores diferentes para segmentos de clientes e propostas de valor diferentes.
- Use as mesmas coisas para informações em comum.
- Seja o mais simples e visual possível.
- Comece pelo lado direito.