A melhor decisão para o negócio

Por Itaú BBA

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Os impactos da mudança climática são frequentes e muito tangíveis. No último ano, eventos extremos incluíram tempestades fora do padrão histórico no sul do Brasil, na Espanha e no Afeganistão, além de incêndios, secas e ondas de calor na Amazônia, na Califórnia e na Itália. Em 2024, foram registradas as temperaturas médias mais altas já medidas tanto no planeta quanto na superfície do oceano, e completamos o período de dez anos mais quentes desde que as medições começaram, em 1850. Pela primeira vez, o mundo superou o limite de 1,5ºC acima da temperatura média no período pré-industrial.

E esse é apenas o começo. Avançar com a transição energética é a decisão inteligente e responsável para o setor privado e para os governos. Por isso, o enfrentamento dessa crise se manteve em grande destaque nas discussões do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Os debates no Fórum, do qual tive a oportunidade de participar presencialmente, deixaram claro que estamos vivendo uma transição econômica profunda. Preços, geração de empregos, modelos de negócios e as decisões de investimento apontam para a mesma direção: um mundo que quer mais energia renovável e que precisa muito dela.

Essa transição pode, em diferentes momentos, ganhar ou perder velocidade por fatores variados, como alternância de poder em países-chave, rearranjos do tabuleiro geopolítico ou reequilíbrios de preços relativos. Nada disso muda o destino da jornada. Manter esse rumo é questão de princípios – e a decisão de negócios mais sustentável, no sentido mais amplo da palavra.

À medida que o cenário climático evolui, empreendedores, gestores e investidores têm liberdade para escolher diferentes estratégias.

Uma abordagem possível é centrada na perspectiva de risco. A crise climática impõe riscos físicos, como a interrupção de cadeias de suprimentos devido a desastres naturais. A Organização Meteorológica Mundial (WMO) prevê que 2025 será um dos três anos mais quentes de todos os tempos, portanto, é inevitável e esperado que tenhamos novos eventos climáticos extremos com impactos econômicos de proporções relevantes.

Outra abordagem, mais ambiciosa, vai além da análise de riscos e leva em consideração futuras demandas. A transição cria oportunidades e vai exigir novos serviços e produtos. E, entre aqueles dispostos a adotar essa abordagem, fazer negócios no Brasil representa uma vantagem competitiva por diversos motivos:

-O país tem no agronegócio um pilar de desenvolvimento econômico – US$ 164 bilhões em exportações em 2024, metade das nossas exportações totais. O setor tem um vasto potencial para aprimorar suas práticas e consolidar o Brasil como referência global em produção com baixa emissão de carbono. Produzimos alimentos, fibras, biocombustíveis e bioinsumos para abastecer o mundo com qualidade e escala.

-Nossa transição energética avança rapidamente e ainda tem potencial imenso por realizar. Em apenas duas décadas, mais do que dobramos a capacidade de geração do país, ultrapassando 200 GW – com 90% proveniente de fontes renováveis. Com a devida adaptação do ambiente regulatório para energia eólica e solar, essa é outra frente na qual podemos nos tornar líderes globais.

-Além disso, temos a COP30, que será realizada em novembro, em Belém. Se bem-sucedida, essa conferência pode impulsionar o Brasil como potência climática e protagonista nas negociações geopolíticas deste momento.

Outras oportunidades ainda podem ser exploradas. O setor de saneamento, por exemplo, impacta diretamente a preservação de mananciais, a saúde pública, o urbanismo e o turismo. Desde o novo marco regulatório de 2021, esse setor está a caminho de uma transformação semelhante à que ocorreu no setor de energia.

O setor financeiro global também enfrenta forças divergentes que influenciam a agenda ESG e sua implementação. Recentemente, vimos grandes bancos deixando a NZBA (Net-Zero Banking Alliance), iniciativa da ONU para que instituições financeiras alcancem a neutralidade de carbono até 2050.

No Itaú Unibanco, seguimos convictos de que o caminho da transição climática é o mais acertado a ser perseguido pelos países e pelas empresas.

Após atingir, em 2024, nossa meta de contribuir com R$ 400 bilhões para o desenvolvimento sustentável, estabelecemos uma nova ambição: mobilizar R$ 1 trilhão em finanças sustentáveis até 2030. O Itaú BBA está pronto para apoiar a sociedade na transição climática, na preservação da biodiversidade e na construção da economia de baixo carbono. Fazemos isso por princípio – e porque também é a melhor decisão de negócios, alinhada às demandas de clientes, investidores e reguladores.

Flavio Souza, CEO do Itaú BBA.