ABC do ESG: Net zero ou carbono neutro? Entenda a diferença

Por Itaú BBA

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Na corrida para fazer a transição verde da economia e evitar os piores cenários do aquecimento global, há muita confusão no uso de termos como net zero, carbono neutro e carbono negativo, que muitas vezes são usados quase como sinônimos.

Mas há uma diferença fundamental entre elas e o uso inadequado das expressões pode levar a desinformação e, no limite, levantar acusações de ‘greenwashing’ – quando uma empresa ou outra entidade faz declarações de atributos verdes que não correspondem à realidade.

Afinal, qual a diferença?

Carbono neutro (ou neutralidade em carbono) - Trata-se de atingir o equilíbrio entre a emissão de carbono e a absorção de gás carbônico. Ou seja, estamos falando de neutralizar as emissões de uma empresa ou país.

Embora essa neutralidade possa ser alcançada em boa medida por meio da redução das emissões de CO2, é possível que a neutralidade seja alcançada exclusivamente por meio de compensações.

Ou seja, uma empresa, por exemplo, pode continuar sua atividade no modo ‘business as usual’, emitindo CO2 como sempre fez, e comprar créditos de carbono no mercado voluntário ou investir em projetos que gerem esses créditos para fazer o chamado ‘offset’. Aqui a palavra-chave é compensação.

Muitas marcas têm usado o termo para se referir a produtos que tiveram as emissões referentes à sua fabricação compensadas.

Net Zero - Aqui a história é outra e envolve muito mais rigor, porque a compensação das emissões já não pode mais ser o principal recurso adotado. A palavra-chave é mitigação, ou seja, corte das emissões propriamente.

O termo ‘net zero’ é o diminutivo da expressão “net zero carbon emissons”, que significa algo como “zero emissões líquidas de carbono”.

Estamos falando do compromisso de cortar ao máximo as emissões diretas e indiretas, adotando energias de fontes renováveis e novos processos produtivos e tecnologias, e, apenas quando não houver alternativas de redução, fazer a compensação de forma residual, zerando as emissões.

A Science Based Target initiative (SBTi), entidade que valida planos net zero de acordo com a ciência, define em seu padrão net zero que as empresas devem adotar medidas para reduzir pela metade suas emissões até 2030 e que, até 2050, ao menos 90% das emissões devem ser mitigadas. A partir daí, os offsets, ou compensações, só são admitidos para um máximo de 10% das emissões totais, as chamadas emissões residuais. Outra diferença é que o net zero diz respeito a todos os gases de efeito-estufa e não apenas ao CO2.