Agro Mensal Fevereiro 2021
Atualizações sobre os principais setores do agronegócio
Por Consultoria Agro
8 minutos de leitura
Soja
Acontecimentos Recentes
- As cotações da soja voltaram a ganhar força ao longo de fevereiro em Chicago com o contrato de 1º vencimento fechando o mês negociado a USD 14,05/bu, alta de 2,6% sobre o fim do mês anterior, maior nível nominal desde julho de 2014. Para março/22, contrato que reflete parte da safra brasileira do ano safra 21/22, os preços em Chicago saltaram 8,6% no mesmo período para USD 12/bu.
- Assim como em janeiro, o aumento das cotações em Chicago ocorreu a reboque de um fluxo de informações que consolida cada vez mais o cenário de balanço muito apertado na safra atual nos Estados Unidos, além de uma expectativa de pouca folga na 21/22. De fato, embora o relatório do Wasde do início de fevereiro não tenha surpreendido o mercado, ele revisou mais uma vez para baixo os níveis de estoques finais da safra norte-americana para patamares que levaram a relação estoque/uso projetada ser uma das menores já registradas no país (2,6%)
- Adicionalmente, as primeiras projeções para a safra 21/22 no país sugerem que não deverá haver muita folga para o balanço local. Mesmo com a projeção de crescimento de 8,3% na área plantada e uma redução do uso da soja para a exportação, os estoques finais seriam de apenas 3,9 milhões de toneladas, o que é superior ao ano anterior mas ainda muito baixo sob uma perspectiva histórica.
- Além disso, os aumentos do valor do óleo de soja, o atraso da colheita no Brasil e redução dos embarques também ajudaram as cotações em Chicago. De fato, a colheita no brasileira alcançou até a última 6ª feira (26/2) apenas 26%, bem atrás do observado em 2020 no mesmo período (43%). Esse fator aliado à desvalorização cambial tem sustentado as cotações em Reais no Brasil.
Cotações Históricas de Soja
Chicago (CBOT) e Sorriso (CEPEA)
Perspectivas
- Assim como no mês anterior, seguimos com a visão de que os preços de soja deverão seguir firmes ao longo dos próximos meses em Chicago. A perspectiva de balanço apertadíssimo nos Estados Unidos atrelado ao cenário não tão diferente sob a ótica global sugere que os preços tendem a seguir sustentados para racionar a demanda e também estimular o aumento da produção no próximo ano safra.
- Além disso, apesar da melhora das condições da safra brasileira diante das boas precipitações em parte relevante do país, a produção argentina segue com um nível de incerteza alto tendo em vista o baixo volume de chuvas observado nos principais cinturões de produção em Fevereiro. De acordo com a Bolsa de Cereales de Buenos Aires, o percentual da lavoura em condições boas ou excelentes somava 15% em 25 de fevereiro, ao passo que no mesmo período do ano passado esse valor era de 64%.
- Não se pode deixar de mencionar também que a firme demanda pelos derivados de soja também deverá influenciar as cotações do grão. Especificamente no caso do óleo, as boas perspectivas para a utilização do derivado nos programas de biodiesel no mundo atreladas aos indícios de baixos estoques de óleo de palma devem dar o tom altista para o mercado. Preocupações, porém, ainda residem em um possível recrudescimento da pandemia e os impactos dos aumentos de casos de PSA na China.
- No Brasil, a aceleração da colheita dever trazer algum arrefecimento às cotações. Entretanto, os bons patamares dos preços em Chicago somados ao câmbio desvalorizado tendem a sustentar o valor do grão em bons patamares. Atenção deverá ser dada, no entanto, à evolução dos casos de PSA na China.
Soja
Perspectivas
- Assim como no mês anterior, seguimos com a visão de que os preços de soja deverão seguir firmes ao longo dos próximos meses em Chicago. A perspectiva de balanço apertadíssimo nos Estados Unidos atrelado ao cenário não tão diferente sob a ótica global sugere que os preços tendem a seguir sustentados para racionar a demanda e também estimular o aumento da produção no próximo ano safra.
- Além disso, apesar da melhora das condições da safra brasileira diante das boas precipitações em parte relevante do país, a produção argentina segue com um nível de incerteza alto tendo em vista o baixo volume de chuvas observado nos principais cinturões de produção em Fevereiro. De acordo com a Bolsa de Cereales de Buenos Aires, o percentual da lavoura em condições boas ou excelentes somava 15% em 25 de fevereiro, ao passo que no mesmo período do ano passado esse valor era de 64%.
- Não se pode deixar de mencionar também que a firme demanda pelos derivados de soja também deverá influenciar as cotações do grão. Especificamente no caso do óleo, as boas perspectivas para a utilização do derivado nos programas de biodiesel no mundo atreladas aos indícios de baixos estoques de óleo de palma devem dar o tom altista para o mercado. Preocupações, porém, ainda residem em um possível recrudescimento da pandemia e os impactos dos aumentos de casos de PSA na China.
- No Brasil, a aceleração da colheita dever trazer algum arrefecimento às cotações. Entretanto, os bons patamares dos preços em Chicago somados ao câmbio desvalorizado tendem a sustentar o valor do grão em bons patamares. Atenção deverá ser dada, no entanto, à evolução dos casos de PSA na China.
Milho
Acontecimentos Recentes
- Os preços do milho voltaram a subir em Chicago em fevereiro com o grão sendo negociado nos maiores patamares desde julho de 2013. O contrato de 1º vencimento (março/21) fechou o mês cotado a USD 5,55/bu, alta de 1,6% em relação ao fim do mês de janeiro. Para setembro/21, contrato que reflete parte da safrinha brasileira, a alta foi de 4% com o contrato negociado a USD 4,89/bu no final do mês.
- A alta dos preços do milho seguiu pautada pela perspectiva de aperto do balanço norte americano do grão. Por mais que tenha sido inferior às expectativas de mercado, no início do mês o USDA revisou novamente para baixo os estoques de passagem no país na safra 20/21 para 38 milhões de toneladas, frente a 49 milhões de toneladas na safra anterior, apesar do aumento da produção de 14 milhões de toneladas entre um ano e outro. A grande justificativa para isso é o aumento esperado de 46% das exportações em relação à 2019/20 muito a reboque do crescimento das vendas para a China, que passou a ser um importante importador global da commodity e deve contribuir para a consolidação de mais um ano de déficit mundial do produto.
- Além disso, as primeiras estimativas do USDA para a safra 21/22 divulgadas no Fórum Agrícola de meados de fevereiro sugere que o balanço local tende a seguir sem grandes folgas, mesmo assumindo um crescimento da área plantada (+1,3%) diante da recuperação do consumo local (ração e etanol) e elevação das exportações.
- No Brasil, com exceção de algumas poucas praças, as cotações no spot andaram praticamente de lado ao longo do mês. De maneira geral, o mercado tem sido marcado por uma cautela do produtor em busca de preços maiores e compradores restritivos em aceitar tais preços diante das margens mais pressionadas
Milho
Perspectivas
- Seguimos com a visão de que os preços do milho em Chicago seguirão sustentados no curto prazo diante da perspectiva de balanço apertado nos Estados Unidos e da consolidação de mais um ano de déficit no mercado mundial da commodity. Nesse contexto, ganha ainda mais relevância o tamanho final das safras brasileira e argentina.
- Em relação à safra na Argentina, embora suas condições tenham melhorado levemente ao longo de fevereiro, dados da Bolsa de Cereales de Buenos Aires indicam que no dia 25/2 o percentual da lavoura qualificada como boa ou excelente somava 30%, bem inferior aos 59% observado no mesmo período do ano passado. As condições são piores para as áreas plantadas mais cedo (“tempranos”).
- No Brasil, o ponto de atenção fica para o atraso no plantio do milho safrinha. Estimativas da StoneX indicam que até o dia 26/2 a área plantada com o grão na 2ª safra alcançou 38%, bem inferior à velocidade de 2020, quando o plantio já chegava a 68% da área pretendida. Isso sugere que parte relevante do milho será plantado fora da janela ideal, o que deverá trazer mais riscos ao desenvolvimento da cultura.
- Do lado da demanda, atenção também deverá ser dada à evolução das compras chinesas, que têm sido puxadas pela recuperação do rebanho suíno local. Se elas se acelerarem ainda mais, as cotações na CBOT poderão ganhar fôlego adicional. Os preços da commodity em Dalian no final de fevereiro foram 58% superiores ao mesmo período em 2020.
- No Brasil, o cenário também é de preços firmes nos próximos meses já que a chegada da safra de verão não deverá ser suficiente para trazer grande conforto ao mercado. Além disso, os preços altos em Chicago atrelados ao câmbio desvalorizado devem deixar a paridade com as cotações internacionais em patamares elevados.
Algodão
Acontecimentos Recentes
- Os preços do algodão em Nova Iorque voltaram a subir fortemente ao longo de fevereiro com o contrato de 1º vencimento fechando o mês negociado a cUSD 88/lp, alta de 9,2% frente ao fim de janeiro. Para o contrato de outubro/21, que referencia parte da safra 20/21 no Brasil, a alta foi de 7,5% com a pluma cotada a cUSD 85,2/lp na última 6ª feira (26/2).
- Sob a ótica dos fundamentos, o suporte veio de mais uma revisão para baixo dos estoques de passagem nos Estados Unidos na safra 20/21 realizado pelo USDA diante do aumento projetado do total exportado face à aceleração dos níveis de contratação de vendas já realizadas pelos exportadores do país. O órgão norte americano também revisou para cima a produção global para 24,9 milhões de toneladas mas projetou um crescimento ainda maior do consumo, aumentando a perspectiva de déficit da pluma no mundo.
- Não se pode descartar também a influência da elevação das cotações do petróleo, que subiu 18% no mês (WTI), sobre os preços da pluma. Adicionalmente, as expectativas de melhora da economia global atreladas ao aumento da liquidez global também atraíram investidores para o mercado de algodão, com a posição líquida comprada dos fundos aumentando 14% desde o início de fevereiro.
- No Brasil, os preços voltaram a bater recordes nominais com o indicador Cepea/Esalq fechando o mês de fevereiro negociado a R$ 167,7/@, alta de 10,8% sobre o fim de janeiro e 74% maior que o mesmo período em 2020. Assim como no mês passado, essas altas se justificam pelas elevadas cotações internacionais atreladas ao câmbio desvalorizado e boa demanda na exportação, o que contribui para reduzir a disponibilidade da pluma no mercado doméstico.