Exportações do Agronegócio no 1° Semestre de 2022
Por Consultoria Agro
Vendas externas registram alto faturamento
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgou os dados das exportações do agronegócio em junho, os quais apontam para mais um mês com crescimento do faturamento em vendas externas. Em junho/2022 as vendas totalizaram USD 15,7 bilhões, valor 29,3% superior frente ao mesmo mês de 2021 e, em termos nominais, o maior já registrado historicamente. Destaca-se também o ótimo resultado das exportações acumuladas até então, dado que no primeiro semestre de 2022 o montante foi de USD 79,2 bilhões, o qual representa um crescimento de 28,8% contra o 1º semestre de 2021. O bom desempenho no período é consequência do incremento no volume embarcado (1,5%) somado ao aumento dos preços médios em dólares (27,3%), ambos em relação aos primeiros seis meses do ano passado.
Os principais produtos exportados apresentaram, no primeiro semestre de 2022, aumentos nos seus preços em dólares, com exceção da carne suína. Já quando avaliado a quantidade embarcada, o comportamento foi distinto entre os produtos.
Desempenho semestral das exportações por produto
No complexo soja, o volume exportado no primeiro semestre do grão alcançou 53,1 milhões de toneladas – diminuição de 7,8% frente ao primeiro semestre de 2021. O óleo de soja registrou 1,3 milhão de toneladas em vendas externas, volume 65,5% maior contra o mesmo período do ano passado. Para o farelo de soja também foi registrado aumento no volume embarcado em 28,4% versus o 1° sem. de 2021. Em relação aos preços em USD, as cotações dos três principais produtos do complexo apresentaram aumentos significativos de 42,3%, 34,1% e 15,6% para o óleo, grão e farelo, respectivamente, frente ao 1° Sem. de 2021. No setor de proteínas animais, destaca-se o bom desempenho das vendas externas de carne bovina in natura. As 932 mil toneladas exportadas do produto no ano de 2022 até então, são 26,7% maiores que a quantidade registrada no mesmo período de 2021.
Para a carne de frango in natura, o crescimento foi de 7,4% em volume contra o primeiro semestre de 2021, enquanto na carne suína in natura o desempenho foi diferente, pois o volume total embarcado nos primeiros seis meses de 2022 recuou 8,4% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Quanto aos preços em dólares para as proteínas animais, os valores de carne de frango e bovina in natura foram 26,3% maiores no comparativo do 1° Sem. de 2022 versus o 1° Sem. de 2021.
Em contrapartida, no mesmo período, a carne suína in natura apresentou queda de 10,4% na tonelada cotada.
No complexo sucroenergético, se comparado o 1° Sem. de 2022 com o 1° Sem. de 2021, as quantidades embarcadas de açúcar refinado e bruto diminuíram em 35,9% e 22,2%, respectivamente, o etanol também registrou um volume 23,5% menor no mesmo comparativo. Já os preços em dólares foram maiores para os três principais produtos em relação ao mesmo período de 2021, 46,0% para o etanol, 20,1% para o açúcar refinado e 19,9% para o açúcar bruto.
Quanto às vendas externas de milho, grande destaque para o volume total de 6,3 milhões de toneladas exportado nos primeiros seis meses de 2022. O valor embarcado do grão é 74,3% maior frente ao mesmo período de 2021. O expressivo aumento das vendas externas do cereal pode ser explicado pela queda dos embarques ucranianos por conta dos conflitos com a Rússia , já que a Ucrânia é um grande exportador de milho. Sobre os preços em dólares, o produto registrou aumento de 41,6% frente à cotação média do 1° Sem. de 2021.
Em relação ao algodão, o total embarcado no primeiro semestre do ano foi 25,2% menor em comparação com o total dos primeiros seis meses de 2021, porém os preços em dólares cresceram 29,1% no mesmo período.
Principais destinos dos produtos brasileiros
Levando em conta os destinos das exportações brasileiras, considerando todos os produtos listados nesse relatório, grandes mudanças na distribuição das vendas externas entre os principais países importadores não foram identificadas no primeiro semestre de 2022 contra o mesmo período de 2021. Entretanto, destaca-se a diminuição da participação da China em quatro pontos percentuais. A queda dos embarques destinado ao país asiático de alguns produtos como soja, carne suína e algodão contribuiu para a menor participação chinesa nas exportações acumuladas em 2022 até então.
Levando em conta a soja em grãos, a redução do volume exportado no primeiro semestre do ano versus o mesmo período de 2021 foi puxada pela China, já que o país importou do Brasil 35,2 milhões de toneladas no período, valor 11,5% menor frente ao primeiro semestre de 2021. O mesmo vale para o algodão, já que as vendas do produto destinadas ao pais chinês totalizaram 166,4 mil toneladas, volume 45% menor versus o total embarcado no primeiro semestre de 2022.
Ainda no complexo soja, o forte aumento das vendas externadas do óleo, no semestre, foi marcado pelo incremento das compras indianas do produto. O país foi responsável por importar do Brasil 801,8 mil toneladas no período, valor maior que as 197,9 mil toneladas destinadas no primeiro semestre de 2021. Assim, a Índia se tornou o principal destino do derivado.
No contexto das proteínas, o bom desempenho das exportações de carne bovina até então foi impulsionado pelas compras chinesas dos frigoríficos brasileiros, que somaram 539 mil toneladas no 1° Sem. 2022, montante 35% maior versus o total destinado ao país no mesmo período de 2021. Destaca-se também as vendas para o Egito, já que o país foi responsável pela compra de 65,7 mil toneladas no primeiro semestre de 2022, valor maior que as 16,4 mil toneladas importadas nos primeiros seis meses de 2021. Mesmo com o crescimento da participação nas compras de outros países, como o Estados Unidos, o Egito foi o segundo principal destino das vendas externas de carne bovina in natura brasileira, dado o crescimento registrado.
Já para a carne suína in natura, as vendas externas para o principal importador do produto brasileiro, a China, somaram 171,9 mil toneladas no acumulado até o fim de junho/2022, queda de 40% sobre o mesmo período de 2021. Assim, a representatividade do mercado chinês para o Brasil caiu de 57% para 38% no 1º Sem. de 2022 . Essa diminuição é decorrente, principalmente, do incremento da produção doméstica de carne suína na China, o que reduz a necessidade de importação em relação ao ano passado. Essa conjuntura também é um dos principais fatores que contribuíram para o arrefecimento dos preços em dólares do produto de brasileira no mercado internacional.