Como o Itaú BBA se prepara para ser parceiro ESG dos clientes

Guilherme Pessini, diretor de estratégia e planejamento do Itaú BBA, explica como o banco tem se preparado para prover soluções ESG viáveis para os clientes.

Por Itaú BBA

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O banco Itaú tem como objetivo se tornar carbono neutro até 2050, com objetivos intermediárias já para 2030 associadas à sua carteira de crédito e operações com clientes. Para atingir essa meta, tem buscado engajar seus clientes na jornada de descarbonização – e mostrar que esse é um bom negócio.

Para chegar lá, é fundamental capacitar a equipe comercial com conteúdos específicos sobre a agenda ESG e climática, para que eles estejam preparados para a abordar o tema com os clientes na estruturação de operações e financiamentos.

Guilherme Pessini, diretor de estratégia e planejamento do Itaú BBA, conta as ações do banco para capturar parte dos US$ 2 trilhões em oportunidades que o Brasil pode gerar ao reduzir as emissões de carbono até 2050.

Como o Itaú BBA se coloca como parceiro ESG de seus clientes?

O nosso desafio é tirar o ESG, em particular a descarbonização, do lugar de cumprimento de obrigação para uma agenda de negócios. Queremos construir uma agenda que traga diferenciais competitivos, que seja capaz de suportar os clientes nas necessidades e dores que vão descobrindo em suas jornadas ESG, apoiando com conhecimento, estrutura de financiamento e suporte ao negócio.

Trabalhamos com empresas que já têm um nível de maturidade nas dimensões do social e de governança, mas ainda não necessariamente na questão ambiental. Por isso, nossa contribuição mais relevante na construção de uma agenda de ESG está voltada para o clima, onde nossos clientes têm maior potencial de contribuição, pois são as grandes companhias que mudam o ponteiro da agenda climática.

Como fazem o engajamento do cliente?

Estamos em um momento de entendimento do cliente e das oportunidades. Em 2023 realizamos mais de 450 reuniões com clientes para entender os desafios e oportunidades e 35 eventos de capacitação com foco em agenda sustentável, mercado de carbono e discussão de casos. Além disso, temos uma vertical de ESG dentro do Cubo, nossa incubadora de startups, para trazer inovação e soluções.

Que tipos de incentivos o banco oferece aos clientes?

Temos ofertado crédito mais barato dentro de iniciativas específicas que queremos testar e desenvolver em conjunto com os nossos clientes. É um caminho que podemos e devemos utilizar dentro de um incentivo de curto prazo, mas no longo prazo precisamos ir convergindo para que as operações se tornem sustentáveis e possam dar bons resultados. Temos algumas linhas de crédito com condições especiais para operações que adotem práticas ESG.

Dentro do segmento de agro, temos produtos com taxas mais atrativas destinados à adoção de diferentes boas práticas com potencial de redução de emissões como o uso de bioinsumos ou a manutenção de culturas de cobertura na entressafra (“cover crops”), por exemplo.. Para algumas iniciativas, o incentivo não está na taxa de juro, mas em conseguir alongar o prazo de pagamento adequando-o ao tempo de retorno do investimento nas práticas adotadas. Ainda é um desafio o modelo de incentivo das operações específicas para a jornada de ESG.

Qual a importância de treinar a equipe comercial do banco para que sejam protagonistas na abordagem ESG com os clientes?

A agenda de descarbonização não é uma agenda de limitação, mas sim de oportunidades. A economia brasileira vai precisar, segundo estimativas da Boston Consulting Group (BCG), de algo próximo a US$ 2 trilhões de investimentos totais até 2050 para que o país se descarbonize. É um PIB brasileiro ao longo dos próximos 20 anos e 20 carteiras de crédito do Itaú BBA, hoje em R$ 500 bilhões. O nosso time comercial precisa identificar onde estão essas oportunidades, que vão se construindo no tempo, dentro do momento de maturidade de cada cliente, por isso é fundamental que essa não seja uma agenda técnica, mas sim uma agenda de negócio.

Criamos dentro do banco, um programa de capacitação com um universo de treinamento para todos os nossos times de negócios e de produtos, do que é nossa estratégia net zero, quais são os principais desafios, onde estão as oportunidades, quais são as principais jornadas de descarbonização. Agora, em 2024, começamos o treinamento focado nos setores onde a gente vê as maiores oportunidades e também os maiores desafios de implementação da descarbonização. Estamos falando de um time de officers que atendem os segmentos de grandes empresas, algo próximo a 600 pessoas.

O banco já está colhendo resultados dessa estratégia?

O principal resultado até aqui está relacionado às operações de mercados de capitais, de companhias que já estão mais maduras em sua jornada de ESG. Em 2023, contribuímos com a captação de R$ 28 bilhões no mercado local em operações verdes, sociais e sustentáveis, e no mercado externo apoiamos a estruturação de outros US$ 2,5 bilhões. No total, realizamos 22 operações de renda fixa ESG, sendo líder no mercado em número de operações, segundo a Anbima. Já quando olhamos para a descarbonização da nossa carteira de crédito, a maturidade é diferente. Em 2021 aderimos à Net-Zero Banking Alliance, em 2022 construímos a estratégia, em 2023 montamos os times, os treinamentos e estruturas para construir as nossas jornadas de dados e dos nossos compromissos. Em 2024, vamos terminar a publicação das nossas metas e transformar essa agenda efetivamente em uma agenda de negócios, para que a partir de 2025 a gente consiga dimensionar o quanto estamos aderentes à nossa política de descarbonização da carteira.