Descubra por que o Agentic AI será o próximo catalisador digital

O ano de 2025 está sendo chamado por analistas e executivos do setor de tecnologia como "o ano dos agentes de IA". No entanto, para muitos fora desse ecossistema, o conceito de Agentic AI ainda é pouco conhecido, apesar de seu imenso potencial disruptivo. Descubra mais nesta análise aprofundada onde exploramos desde os fundamentos conceituais até os impactos práticos nas empresas de tecnologia nos Estados Unidos e na América Latina.

Por Itaú BBA

05 minutos de leitura

O que é Agentic AI?

O Agentic AI representa uma nova geração de inteligência artificial com maior autonomia. Em vez de apenas responder a comandos humanos, como fazem os assistentes virtuais tradicionais, a Agentic AI é orientada a objetivos. Ela é capaz de planejar, decidir e executar tarefas complexas sem supervisão humana, comportando-se como uma entidade colaboradora ou mesmo autônoma.

Enquanto agentes de IA comuns estão limitados a scripts e regras pré-definidas (como as versões atuais da Siri e do Google Gemini), a Agentic AI pode ser mais flexível, combinando aprendizado profundo com algoritmos de planejamento avançado. Isso permite que sistemas tenham capacidade de tomar decisões por conta própria, com aplicações em diversos segmentos como compras online, segurança cibernética, gestão de frotas e diagnóstico jurídico.

Exemplos práticos e soluções em desenvolvimento

  • Project Mariner (Google): Uma extensão do Chrome capaz de navegar na web, ler textos e imagens, preencher formulários e realizar compras sem qualquer interação humana direta. Mariner é capaz de interpretar complexos layouts de websites, interagir com múltiplas plataformas e automatizar tarefas como reservas, planejamento de viagens e busca de informações corporativas. Ainda em fase de protótipo, sua implementação comercial é esperada para o fim de 2025.
  • Alexa+ (Amazon): Versão avançada da Alexa, capaz de realizar reservas em restaurantes e hotéis, fornecer recomendações personalizadas, sugerir receitas com base no que há na geladeira e automatizar compras de itens que estão para acabar. Com a integração a dispositivos IoT, pode levar a automação residencial a um nível superior, como sincronizar entregas com a agenda familiar.
  • Rufus (Amazon): Agente de compras integrado à plataforma que aprende com o comportamento do usuário e refina suas recomendações com o tempo. Ele oferece comparação de produtos, insights detalhados, análises de opiniões e resenhas, além disso junto ao ecossistema da Amazon, tem potencial de ser um agentic AI futuramente.
  • Nota AI: A Nota AI (empresa parceira da Nvidia) desenvolveu um sistema de gestão de tráfego urbano que otimizou sinais de trânsito e reduziu congestionamentos em até 300% nos horários de pico. O sistema usou reconhecimento de imagem e dados de congestionamento em tempo real para coordenar os semáforos.

Impactos esperados por setor

  • E-commerce e Publicidade Digital: Plataformas como Amazon, Google, Mercado Livre, VTEX e Locaweb podem ser impactadas pela redução do tráfego direto, eficiências operacionais e melhorias na publicidade. Com agentes executando tarefas como comparação de preços e compras automatizadas, a tendencia é que a diferenciação de marca tende a diminuir. Enxergamos o Google e a Amazon são os players globais mais expostos a esse risco.
  • ERP e Software Corporativo: Sistemas de ERP parecem mais resilientes, mas podem ser parcialmente substituídos por agentes de IA que automatizam fluxos de trabalho completos. Um fluxo de supply chain, por exemplo, muitos processos podem contar com o auxílio de um agente: Desde a geração do pedido até a reconciliação contábil entre sistemas distintos. A TOTVS pode atuar como hub ou marketplace desses agentes.
  • Tech Industrials e IoT: A integração da Agentic AI com dispositivos inteligentes (IoT) deve impulsionar o mercado de casas e cidades inteligentes. No Brasil, a Intelbras lidera com soluções como câmeras, interruptores, e fechadura eletrônicas, essenciais para evoluir para um ecossistema de automação mais autônomo.

América Latina: um ecossistema em formação

Na região, os impactos ainda são embrionários. O segmento mais exposto a essas disrupções é o de software para e-commerce. A potencial redução de tráfego no Mercado Livre e Amazon pode pressionar margens e impactar negativamente o segmento de publicidade. VTEX e Locaweb também seriam afetadas, devido à exposição a modelos atrelados ao GMV dos clientes, o que pode gerar desalavancagem operacional.

Apesar disso, empresas com foco em categorias aspiracionais ou canais D2C (direct-to-consumer) tendem a ser mais resilientes, devido à importância de storytelling, identidade de marca e customização, características ainda não plenamente automatizáveis.

Curiosidades e projeções

  • O mercado global de Agentic AI aplicada a cidades inteligentes deve crescer de US$ 1,88 bilhão (2024) para US$ 58 bilhões (2034), segundo a Market.us.
  • No 4T24, a Amazon apresentou receita publicitária de cerca de 7,2% do seu GMV; no Mercado Livre, essa fatia é de aproximadamente 2,1%.
  • O Project Mariner é capaz de automatizar tarefas como preenchimento de cadastros, reserva de voos com inserção de passaporte e coleta de contatos empresariais.
  • Em e-commerce, se essas novas tecnologias passarem a escolher o provedor mais barato, as plataformas perdem a capacidade de fazer upsell, cross-sell ou de construir fidelidade com o usuário.
  • Em ERPs, a automação de grande parte do ciclo de pedidos pode reduzir erros, acelerar auditorias e integrar sistemas distintos em tempo real.

Conclusão

A Agentic AI não é apenas mais uma evolução da inteligência artificial. Trata-se de uma transformação estrutural com potencial para redefinir como consumidores, empresas e plataformas digitais interagem entre si. A autonomia desses sistemas pode exigir novos modelos de negócio, maior integração entre sistemas e uma abordagem centrada em dados estruturados e ecossistemas robustos.

Para a América Latina, o desafio é ainda maior: adaptar-se rapidamente para capturar as oportunidades que essa revolução oferece ao mesmo tempo em que mitiga os riscos de desintermediação digital.

Fonte

Research Itaú BBA: Tech Global & LatAm report – “Will Agentic AI Disrupt the Internet?”

Thiago Kapulskis, CNPI - Research Senior Vice-President

Maria Clara Infantozzi, CFA - Research Associate

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