Financiamento Climático: o caminho para transformar ambição em realidade na COP30

Por Itaú BBA

02 minutos de leitura

O Brasil tem um grande desafio pela frente para fazer da COP30 um “ponto de virada” em termos de ambição climática, como apontado pelo presidente da Conferência, o embaixador André Correa do Lago. Boa parte deste desafio está concentrada na mobilização de recursos para a transição climática, cuja relevância é cada vez mais evidente. Para tanto precisamos de estratégia e coordenação entre os diversos setores da sociedade.

O tema é citado no próprio coração do Acordo, o artigo 2.1, que define tanto a ambição de limitar a elevação da temperatura a 2°C, com esforços para limitá-la a 1,5°C, quanto o imperativo de aumento de resiliência e a necessidade de “tornar os fluxos financeiros consistentes com uma trajetória de baixa emissão de gases de efeito estufa e desenvolvimento resiliente às mudanças climáticas” (artigo 2.1c).

Na COP29, em Baku, os países chegaram a uma ambição comum (a chamada Nova Meta Coletiva Quantificada ou NCQG) de mobilizar US$ 300 bilhões em financiamento climático por ano até 2035, com esforços para que este montante atinja US$ 1,3 trilhão por ano, recursos que terão como destino as ações de mitigação e adaptação em países vulneráveis.

A grande inovação trazida pela COP29 foi agregar recursos privados e a possibilidade de doações voluntárias de países em desenvolvimento. Um desafio em particular é potencializar o financiamento de iniciativas de adaptação, atualmente um ponto cego das estratégias climáticas da maior parte dos países. Para endereçá-lo, é fundamental pensar em mecanismos de cooperação técnica e científica e a própria conexão com outros instrumentos do Acordo de Paris como o Fundo de Perdas e Danos e os instrumentos previstos no Artigo 6, que trata dos mercados globais de carbono. Estas iniciativas precisam coexistir para garantir a mobilização dos trilhões de dólares necessários para que a transição climática aconteça.

O financiamento climático é o maior desafio do Brasil na figura de presidente da COP30 e requer esforços diplomáticos e financeiros. Internamente, iniciativas como a regulamentação do mercado de carbono, o Eco Invest e a Taxonomia Sustentável Brasileira, criam um ambiente favorável à atração de investimentos internos e externos.

O sistema financeiro é uma peça fundamental desta equação, uma vez que instrumentos financeiros inovadores, a revisão de mecanismos de gestão de riscos e geração de oportunidades, viabilizam a transição climática da economia real. No caso do Itaú, nossa estratégia contribui com o financiamento climático por meio de nossos objetivos de descarbonização alinhados ao Acordo de Paris e da meta de financiamento de R$ 1 trilhão em finanças sustentáveis até 2030.

Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.