Mercado de tech em queda: armadilha ou oportunidade?

Nos últimos meses, o mercado de tecnologia nos Estados Unidos sofreu uma queda significativa, com o índice S&P 500 recuando 8% de seus patamares mais altos e o QQQ caindo 11%. O grupo de empresas conhecido como "MAG 7" (as sete gigantes da tecnologia) registrou uma média de retração de 20%, com destaque negativo para a Tesla (TSLA), que teve perdas de cerca de 50%. Diante desse cenário de grandes e rápidos movimentos, muitos investidores nos questionam se essa seria uma oportunidade de compra ou uma armadilha. Este artigo analisa os fatores que levaram a essa correção do mercado, os indicadores de avaliação financeira das principais empresas do setor e as perspectivas para os investidores.

Por Itaú BBA

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O Contexto do mercado

Desde 1928, o S&P 500 apresentou uma média de retorno anual de 10%, apesar de sofrer retrações intra-anuais de até 16% em média. Esse histórico sugere que momentos de correção, como o atual, podem representar oportunidades de compra. No entanto, é fundamental entender os fatores que impulsionaram a queda recente das ações do setor de tecnologia.

Entre os principais fatores que contribuíram para a recente desvalorização estão:

  • Movimentos técnicos de mercado: Muitas das quedas foram exacerbadas por um grande posicionamento nas empresas de tecnologia americanas.
  • Cenário macroeconômico: Expectativas de taxas de juros mais altas e incertezas econômicas impactaram negativamente as avaliações das empresas de tecnologia.

Avaliação das principais empresas de tech

Para compreender melhor o cenário, foram conduzidos exercícios de projeção de taxa interna de retorno (TIR) para um horizonte de três anos, em diferentes cenários:

  • Cenário Base: Projeta uma mediana de TIR de 17% para as empresas do setor (excluindo NVIDIA), com destaque para AMZN (23%) e META (21%).
  • Cenário Pessimista: Mesmo considerando uma menor taxa de crescimento e múltiplos de saída mais baixos, a mediana do TIR ainda seria de 5%, indicando que os investimentos podem continuar gerando retornos positivos.
  • Cenário Otimista: Em um ambiente favorável, a mediana dos retornos poderia atingir 32%, com GOOGL se destacando com um TIR potencial de 42%.

Os dados também indicam que algumas empresas estão sendo negociadas com prêmio ou desconto em relação às suas médias históricas:

  • Microsoft (MSFT): Atualmente negociada a 26,8x P/E, um desconto de 7% em relação à sua média de 5 anos.
  • Amazon (AMZN): Negociada a 26,8x P/E, um desconto de 36% em relação à sua média de 5 anos.
  • Apple (AAPL): Negociada a 27,7x P/E, um prêmio de 5% em relação à sua média de 5 anos.

Oportunidade ou risco?

Os dados sugerem que, apesar da volatilidade, as avaliações do setor de tecnologia estão relativamente atraentes. O atual valuation da maior parte das empresas está em níveis interessantes mesmo no cenário pessimista, onde a mediana do TIR de 3 anos das empresas é de 5%, um retorno semelhante à média histórica do S&P500.

No entanto, os investidores devem considerar alguns riscos:

  • Cenário macroeconômico adverso: A persistência de juros elevados pode afetar a economia e o crescimento das empresas de tecnologia.
  • Concorrência acirrada: O setor está em constante mudança e algumas empresas podem perder competitividade.
  • Possíveis reações regulatórias: empresas como META e GOOGL enfrentam desafios regulatórios que podem afetar suas projeções de crescimento.

Conclusão

A recente correção no setor de tecnologia pode representar uma oportunidade de compra para investidores de longo prazo. Até no cenário mais pessimista a mediana do TIR de 3 anos das empresas está atrativa, e algumas empresas estão sendo negociadas com desconto em relação às suas médias históricas, sugerindo potencial de valorização futura.

Entretanto, é fundamental que investidores avaliem não apenas os preços das ações, mas também o contexto econômico e os desafios específicos de cada empresa. Uma estratégia equilibrada, baseada em análise detalhada e diversificação de portfólio, pode ser a melhor abordagem para navegar no atual cenário de mercado.


Thiago Kapulskis, CNPI - Research Senior Vice-President

Maria Clara Infantozzi, CFA - Research Associate

Nota: Este conteúdo é meramente informativo e não constitui recomendação de investimento. As informações são baseadas em fontes consideradas confiáveis, mas podem não refletir todas as condições de mercado. O Itaú BBA não se responsabiliza por perdas, danos ou opiniões expressas no conteúdo deste e demais canais associados ou proprietários. Investimentos diretos em negócios, renda fixa e/ou variável envolvem alto risco e podem sofrer oscilações devido a fatores políticos e econômicos.