Wellness e longevidade movidos por tecnologia e inovação

Nos últimos anos, o setor de wellness deixou de ser associado apenas a práticas de autocuidado e bem-estar estético, passando a representar um ecossistema robusto de saúde preventiva, personalização de cuidados e integração tecnológica. Essa transformação tem atraído startups, investidores e grandes empresas de tecnologia, que veem nesse mercado não apenas uma tendência de consumo, mas uma fronteira estratégica para inovação. A digitalização da saúde, a demanda por longevidade ativa e o crescente interesse por soluções que vão além do tratamento tradicional configuram um novo paradigma para o mercado de wellness e health tech.

Por Itaú BBA

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Um mercado em rápida expansão

De acordo com o Global Wellness Institute, a economia global do bem-estar já movimentava cerca de US$ 5,6 trilhões em 2023, com projeções que indicam um crescimento para US$ 8,5 trilhões até 2027, o que representará aproximadamente 6,6% do PIB mundial. Esse avanço é sustentado por uma mudança estrutural: enquanto a indústria farmacêutica fatura cerca de US$ 1,6 trilhão, o mercado de wellness já é quase quatro vezes maior, evidenciando uma mudança no comportamento de consumo em direção à prevenção, otimização de performance e longevidade. Um relatório da McKinsey reforça essa tendência, apontando que 77% dos consumidores já consideram o bem-estar um fator importante em suas vidas, sendo que cerca de 50% estão dispostos a gastar mais com produtos e serviços desse segmento. A NielsenIQ acrescenta que até 2025 a tecnologia será um dos principais vetores de crescimento no setor, especialmente pela integração de inteligência artificial, wearables e aplicativos de monitoramento de saúde.

O papel das tecnologias emergentes

O wellness tech está se estruturando sobre três pilares fundamentais: personalização, mensuração e acessibilidade. Startups e empresas estão investindo em soluções baseadas em dados, como exames genéticos, análises hormonais e algoritmos de IA capazes de identificar padrões de saúde antes de sintomas clínicos. Plataformas como a Love.Life, fundada por John Mackey (criador da Whole Foods), exemplificam esse movimento ao oferecer experiências integradas de nutrição, condicionamento físico, terapia e saúde preventiva em um só espaço.

A health tech também avança no campo dos resorts e clubes de longevidade, como o Continuum em Nova York, que combina câmaras criogênicas de -110 °C, protocolos de sono e triagens hormonais com monitoramento digital. Nesses ambientes, o foco não está apenas em relaxar, mas em otimizar o organismo com métricas precisas, criando um modelo de consumo em que a longevidade se torna uma moeda de valor.

Startups e inovação como motor do crescimento

As startups desempenham um papel decisivo nesse ecossistema. Segundo a Market Research Future, o mercado global de smart wellness deverá atingir US$ 520 bilhões até 2032, crescendo a uma taxa composta de aproximadamente 24% ao ano. Esse crescimento acelerado se deve à integração de dispositivos inteligentes — de relógios que monitoram batimentos cardíacos e qualidade do sono a aplicativos que ajustam planos alimentares em tempo real com base em biomarcadores. Além disso, o setor corporativo tem incorporado tecnologias de wellness em seus programas de recursos humanos, promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis e utilizando plataformas digitais de engajamento. Isso amplia a base de mercado, que já não se restringe a consumidores de alto poder aquisitivo, mas também a empresas que percebem o retorno financeiro de investir no bem-estar de seus colaboradores, reduzindo custos médicos e aumentando produtividade.

O wellness como nova fronteira de valor econômico

A ascensão do wellness e da health tech sinaliza um deslocamento do eixo econômico da saúde: do curativo para o preventivo e do generalista para o personalizado. Esse movimento não é apenas cultural, mas estratégico, dado que a população global envelhece rapidamente e os sistemas de saúde enfrentam pressões crescentes. Nesse cenário, a tecnologia assume protagonismo ao oferecer escala, eficiência e precisão, abrindo espaço para modelos de negócio que unem ciência, lifestyle e inovação. Mais do que uma tendência, o wellness está se consolidando como um setor estruturante da economia da longevidade. Para investidores e empreendedores, trata-se de um campo fértil, capaz de unir margens elevadas, recorrência de consumo e impacto social positivo. O desafio, no entanto, será democratizar o acesso a essas tecnologias, evitando que a longevidade otimizada se torne um privilégio restrito a elites.

Conclusão

O wellness e a health tech representam a convergência entre ciência, tecnologia e mercado, com potencial para remodelar a forma como a sociedade enxerga a saúde. O crescimento exponencial, sustentado por dados e pela adesão do consumidor, mostra que o bem-estar deixou de ser opcional e passou a ser central nas decisões de consumo, políticas de empresas e investimentos em inovação. A economia da longevidade e o papel da tecnologia tornam esse setor um dos mais promissores da próxima década, mas seu impacto só será verdadeiramente transformador se conseguir unir inovação com acessibilidade, ampliando os benefícios do bem-estar para além de nichos de alto poder aquisitivo.

Fontes

Global Wellness Institute – The Global Wellness Economy

McKinsey & Company – Future of Wellness: Trends

NielsenIQ – The Role of Technology in Wellness in 2025

Market Research Future – Smart Wellness Market Report 2025–2032

Love.Life (site oficial)

Vantage Fit Blog – Wellness Tech

Shen.ai – Boosting Wellness with Cutting-edge Technologies

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