Banco Central aumenta a taxa de juros básica em 1,0% ao ano

Os principais destaques do comunicado, em nossa avaliação, foram a referência à provável extensão do ciclo “com um ajuste de menor magnitude” e as reiteradas menções aos conceitos de incerteza e volatilidade. Com o estágio avançado do ciclo, nos parece que o Comitê optou por sinalizar uma desaceleração para a próxima reunião ao mesmo tempo em que resguarda um maior grau de liberdade para as reuniões subsequentes.

As projeções atualizadas ressaltam os desafios com os quais o Comitê se depara. No cenário de referência, que tem entre as suas premissas a trajetória para os juros da pesquisa Focus e assume que o petróleo encerrará o atual ano em 100 dólares por barril, a autoridade monetária antevê que o IPCA encerre 2022 e 2023 em 7,3% e 3,4%, respectivamente – ante 6,3% e 3,1% na reunião anterior. Cabe ressaltar que a apresentação de tais números foi seguida de um comentário sobre o grau “maior que usual” de incerteza em torno das suas premissas e projeções.

Assim como indicado em outros momentos, o balanço de riscos segue enumerando riscos altistas e baixistas. Neste aspecto a diferença fica por conta da retirada da referência à assimetria altista (isto é, uma inflação mais elevada do que o cenário base) e pela indicação de que a conjuntura “incerta e volátil” exige serenidade na avaliação de riscos.

Tendo em vista que o Copom sinalizou a redução do ritmo para a próxima reunião, enfatizando a perseverança na condução da política monetária e afirmando que o cenário demanda cautela, mantemos a expectativa de ao menos uma nova alta para a taxa de juros.

Como de costume, seguiremos atentos aos comentários dos diretores do Copom, tanto através de documentos como a ata da reunião – a ser divulgada na próxima terça-feira.