Cenário Macro Mensal: Julho 2024
Confira os destaques do bate-papo que contou com Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, Bruno Bak, gestor líder da família de fundos Itaú Artax, com moderação de Maria Luiza Morad, da área de comunicação do Itaú
Por Itaú Asset
Cenário internacional
Durante julho, alguns acontecimentos trouxeram ainda mais atenção para a corrida eleitoral nos EUA. No início do mês, o primeiro debate presidencial foi marcado pelo desempenho negativo do atual presidente, Joe Biden, que intensificou as especulações sobre sua capacidade cognitiva e aumentou o favoritismo de Donald Trump.
Em seguida, o atentado contra o candidato republicano elevou ainda mais a sua vantagem. Frente à pressão, posteriormente Biden desistiu de sua candidatura, patrocinando a atual vice-presidente, Kamala Harris, para substituí-lo na chapa do Partido Democrata.
No âmbito econômico, o resultado das eleições tem impactos diferentes. Atualmente, a atividade está resiliente e com dados positivos de inflação na margem, o que, com cautela, pode permitir a realização de um corte nos juros em setembro.
Caso Trump seja eleito conforme apontam pesquisas, a incerteza sobre uma possível mudança nas tarifas externas e impostos gera cautela sobre o ciclo de cortes nos juros. Além disso, traz impactos para os mercados, dado que as medidas relacionadas a taxação e impostos podem fortalecer o dólar, apesar de isso depender muito do contexto macroeconômico.
Como a inflação vinha melhorando nos EUA, e a atividade não está nem tão forte nem tão fraca, esse ambiente deveria ser bom para ativos de risco e de mercados emergentes. No entanto, uma vitória do candidato republicano seria desfavorável para esses ativos.
Mesmo que seja difícil prever o resultado da eleição, é importante acompanhar seus desdobramentos, pois é provável que seja necessário fazer ajustes no portfólio de investimentos de acordo com a conjuntura após o resultado.
Cenário local
A corrida eleitoral nos EUA tem impactos relevantes no cenário brasileiro. O aumento da probabilidade de vitória do Trump gera fundamentos em favor do fortalecimento do dólar americano e, por consequência, desvalorização do real.
Pela conta corrente, o Brasil tem perdido cerca de R$ 30 bilhões em um fluxo novo, que envolve criptomoedas, serviços de tecnologia de nuvem e apostas esportivas. Ainda não é possível confirmar se é temporário, mas há uma perda adicional de dólares no país.
Com a discussão de câmbio depreciado, combinado com a atividade mais forte, pode ser necessário discutir um aumento na taxa de câmbio. Conforme a perda estrutural no balanço de pagamentos fica maior, surge a possibilidade de o câmbio de R$ 5,50 ser mais permanente do que se pensava e, com isso, aumenta a chance de alta nos juros. Além disso, a taxa de desemprego baixa demonstra que há baixa ociosidade na economia.
Houve evoluções no âmbito do debate fiscal, com a divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões em gastos. Com isso, o principal temor de não cumprimento da regra de despesa se acalma.
Ainda acreditamos que o governo deverá bloquear cerca de R$ 10 bilhões até o fim do ano, o que é factível. O déficit primário, por sua vez, foi projetado para 0,30% (desconsiderando os gastos decorrentes da calamidade no Rio Grande do Sul), considerando a meta de 0% com margem de tolerância em 0,25%, de modo que acreditamos que esse valor ainda será revisado ao longo do ano pelo governo.
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