Cenário Macro mensal: julho 2025

Confira os destaques da nossa conversa mensal sobre economia e mercados com Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, e Bruno Savaris, gestor da família de fundos Itaú Hunter. A moderação foi de Maria Luiza Morad, da área de comunicação do Itaú

Por Itaú Asset

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Cenário internacional

A incerteza voltou a se agravar no cenário macroeconômico global no mês de julho, especialmente em função das atualizações na política tarifária anunciadas pelo presidente americano Donald Trump.

Numa delas, no dia 9 de julho, Trump comunicou a decisão de impor tarifas de 50% sobre todas as exportações brasileiras. Embora não se tenha certeza sobre a implementação oficial das taxas, os anúncios têm gerado reações antecipadas nas cadeias produtivas e acentuado a imprevisibilidade do cenário comercial.

Além das taxas específicas, há uma discussão crescente sobre a ampliação da tarifa base aplicada pelos Estados Unidos às importações, atualmente em 10%. Para alguns economistas, a escalda dessa taxa poderia servir como mecanismo de incentivo à reindustrialização dos Estados Unidos.

De forma geral, a mudança na “tarifa basal” teria potencial de afetar de forma estrutural o comércio internacional, ao criar barreiras permanentes à importação.

Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, traça alguns cenários para o segundo semestre do ano.

Segundo ele, quando se fala das perspectivas para a economia dos Estados Unidos, estão ainda na mesa a manutenção da atividade no patamar atual, uma desaceleração com risco de recessão ou, alternativamente, a aceleração moderada do PIB, impulsionada pelo consumo.

Thomas Wu explica que este último cenário, o de aceleração moderada, está relacionado à política migratória mais restritiva, que tem dificultado a substituição de mão de obra e incentivado a retenção de trabalhadores. Esse quadro pode sustentar a confiança dos americanos, desembocando em um maior consumo.

Mercado financeiro internacional

Nos mercados financeiros, a incerteza tem levado a uma postura mais cautelosa. Bruno Savaris, gestor dos fundos Itaú Hunter, conta que o fundo Itaú Hunter Total Return, carro-chefe da família, reduziu sua exposição à bolsa americana, adotando uma abordagem focada em assimetria de riscos e operações pontuais em ativos de qualidade.

Como posicionamento estratégico, Bruno explica que o fundo tem hoje preferência por setores defensivos, como saneamento e energia elétrica, enquanto monitora sinais de retomada da atividade.

Cenário local

No contexto doméstico, Thomas Wu destacou que a economia brasileira demonstra sinais de resiliência. Dados de geração de empregos, como os do CAGED, apontam para um mercado de trabalho ainda aquecido, com taxa de desemprego baixa.

Apesar da desaceleração gradual da atividade, impacto da política monetária contracionista, com Selic a 15% ao ano, não há evidências de retração significativa na economia. A inflação tem mostrado trajetória de queda, favorecida pela valorização do real no primeiro semestre do ano e pela redução dos preços dos alimentos.

Especificamente no câmbio, o real se manteve relativamente estável frente ao dólar no mês, mesmo em um ambiente de volatilidade global. Esse movimento reflete, em parte, o reposicionamento internacional de fluxos financeiros diante da maior aversão a riscos associados a países com políticas comerciais mais instáveis. O Brasil tem se beneficiado de sua postura mais previsível e do seu perfil exportador em commodities.

Caso o cenário favorável se mantenha, Thomas Wu comentou que a expectativa é de que o Banco Central possa iniciar um ciclo de redução da taxa Selic no primeiro trimestre de 2026. A intensidade e o calendário desse ciclo dependerão, entre outros fatores, da trajetória do câmbio e da evolução da inflação.

Bolsa no Brasil

Em relação ao mercado acionário, Bruno Savaris, gestor da família Itaú Hubter, assinalou que a avaliação econômica de Thomas Wu corrobora com a sua preferência por setores defensivos, neste momento. São segmentos como saneamento e energia elétrica.

A entrada de capital estrangeiro, ainda que modesta em relação a ciclos anteriores, tem, segundo o gestor, contribuído para a valorização dos ativos locais. A principal incerteza diz respeito à resposta do governo brasileiro às tarifas norte-americanas.

A depender da estratégia adotada, os impactos podem se restringir ao nível microeconômico ou, eventualmente, afetar variáveis macroeconômicas mais amplas.

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