Cenário Macro Mensal: Setembro 2024
Confira os destaques do bate-papo entre Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, e Daniel Brum, estrategista da família de fundos Itaú Artax. A moderação foi feita pela Maria Luiza Morad, da área de comunicação do Itaú
Por Itaú Asset
Cenário internacional
A economia global, especialmente dos Estados Unidos, continua sendo um foco de atenção. Um dos principais destaques no cenário norte-americano é o enfraquecimento do mercado de trabalho. A criação de empregos foi menor que o esperado, com números revisados para baixo. No entanto, outras variáveis econômicas, como o consumo e o sentimento das empresas, não acompanharam essa fraqueza, sugerindo uma quebra na correlação tradicional entre os dados de emprego e outros aspectos da economia.
O Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA, enfrenta o desafio de calibrar sua política monetária em um ambiente onde os mercados já apresentaram receio frente a uma possível recessão, embora não seja o cenário base. As expectativas são de que o Fed inicie cortes graduais nos juros, com possíveis reduções de 0,25% a 0,50% na próxima reunião, dando início a um ciclo de flexibilização monetária..
A China também gera atenção como tema do quadro macroeconômico global. O país continua enfrentando dificuldades, com dados de produção industrial e vendas no varejo abaixo das expectativas, por exemplo. A batalha contra a deflação e o fraco consumo interno são desafios persistentes. A fraqueza da demanda chinesa tem impactos negativos em economias exportadoras pelo lado da demanda, como a Europa. No lado da oferta também existem efeitos negativos para a Europa, destacando-se a Alemanha, que vê sua competitividade ameaçada pelo aumento da produção industrial chinesa, particularmente em setores de alto valor agregado, como veículos elétricos e energia renovável.
Cenário local
No Brasil, a economia continua com uma atividade econômica robusta e uma inflação que se mantém como um dos principais desafios. Há sinais de uma pressão inflacionária mais ampla nos núcleos de inflação, medidas que retiram itens mais voláteis do cálculo com alimentos e energia. O Banco Central enfrenta o dilema de controlar a inflação sem frear demais o crescimento econômico.
O aumento das taxas de juros é uma ferramenta necessária para conter a inflação, e o impacto desse movimento sobre a atividade econômica é monitorado de perto, com observação de um crescimento que segue robusto. O cenário fiscal brasileiro, com aumento nos gastos públicos, também adiciona complexidade ao contexto econômico.
A política monetária dos Estados Unidos, com foco para as possíveis reduções nas taxas
de juros pelo Fed, pode ter um impacto direto sobre o Brasil, em especial na taxa de câmbio. Se os juros americanos caírem mais rapidamente do que o esperado, pode haver uma apreciação do real, o que poderia ajudar a conter a inflação. No entanto, não estamos observando essa dinâmica atualmente.
Nesta semana acontece a Super Quarta, ocasião em que são divulgadas decisões nas políticas monetárias do Brasil e dos EUA, esperamos alta de juros no Brasil e queda nos EUA.
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