Cenário Macro: nossa atualização para agosto de 2025
Perspectivas para juros, dólar e inflação no cenário macroeconômico
Por Itaú Asset
O cenário macro continua quente e o investidor precisa manter atenção redobrada aos movimentos do Brasil e do mundo. Esse foi o tom da conversa mensal com Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, e o gestor Luiz Felipe Mescolin, da família de fundos Itaú Optimus, com moderação de Malu Morad. O encontro trouxe análises sobre conjuntura nos Estados Unidos, Europa e Brasil, além dos desdobramentos para os mercados financeiros.
Cenário internacional
Estados Unidos: economia perde ritmo
O PIB e os dados de emprego recentes indicam desaceleração da economia norte-americana. Ao mesmo tempo, as tarifas impostas pelo governo aumentam as pressões inflacionárias.
Na opinião de Thomas Wu, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve avaliar com cautela esses sinais e pode cortar os juros duas ou três vezes ainda neste ano.
Um ponto de destaque é a conferência anual de Jackson Hole, localizado no estado de Wyoming, onde o presidente do Fed, Jerome Powell, costuma dar pistas sobre os próximos passos da política monetária.
Jackson Hole reúne banqueiros centrais e economistas no meio dos Estados Unidos e é considerado um dos principais eventos do calendário econômico.
Inteligência artificial e o impacto no emprego
Ainda sobre os Estados Unidos, Thomas Wu chamou atenção ao anedótico, como são chamadas em economia as experiências pessoais ou observações isoladas, sobre a atual dificuldade de os recém-formados ingressarem no mercado de trabalho.
É exatamente no meio do ano que os novos profissionais americanos caminham para suas primeiras oportunidades no mercado. A atual dificuldade, diz Wu, pode já estar relacionada à substituição de tarefas de estagiários por ferramentas digitais, como a inteligência artificial generativa. Esse fator adiciona incerteza ao cenário econômico, tanto do ponto de vista econômico, quanto social.
Dólar mais fraco
O gestor Luiz Felipe Mescolin destacou outro movimento do período, o enfraquecimento do dólar à medida que os EUA perdem parte do chamado “excepcionalismo” americano.
Esse movimento beneficia moedas emergentes, como o real e o peso mexicano, além do euro. Mescolin comentou que esse fenômeno foi uma das estratégias vencedoras do Optimus Titan.
Cenário local
No Brasil, a valorização do real tem ajudado a reduzir a inflação, junto à queda dos preços de alimentos. Apesar disso, a inflação de serviços continua pressionada pelo aumento dos salários. Wu, assinala que a taxa Selic em 15% está pressionando a economia, mas o impacto tem sido mais lento do que esperado. A atividade vem desacelerando gradualmente, mas ainda há estímulos atuando: pagamento de precatórios, crédito consignado e isenção no IR para rendas mais baixas, que aumentam os níveis de consumo. Mescolin, por sua vez, explicou que a gestão do Itaú Optimus tem adotado um direcional mais neutro em bolsa brasileira, já que os juros altos pesam sobre os ativos de risco. Ele detalhou a proposta de identificar empresas com preços descontados e boas assimetrias de retorno.
O que monitorar à frente
- Discursos e decisões do Fed, em especial após Jackson Hole.
- Dados de emprego nos EUA, fundamentais para medir risco de recessão.
- Trajetória fiscal do Brasil, essencial para a confiança dos mercados.
- Evolução da inflação de serviços, que pode adiar cortes de juros no Brasil.
- Fluxo global para moedas emergentes, que influencia diretamente o câmbio e os ativos locais.
Assista à gravação na íntegra:
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