Análise Mensal de junho: desempenho da renda fixa e das bolsas
Nossos especialistas analisam as performances de junho, com destaque para o desempenho da renda fixa e entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira
Por Itaú Private Bank
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Em junho, apesar das incertezas globais e locais, os ativos brasileiros apresentaram desempenho expressivo, impulsionados por fatores como a valorização do real e o recuo das taxas de juros. Humberto Vignatti, estrategista de renda fixa, e Eduardo Coccaro, estrategista de renda variável, analisam os principais movimentos do mês e as perspectivas para julho. Descubra por que o cenário atual pode representar uma oportunidade estratégica para investidores atentos.
Confira alguns destaques:
Renda Fixa
- Valorização do real e queda do dólar impulsionam ativos locais: a moeda brasileira se fortaleceu significativamente em junho, com o dólar recuando quase 5% frente ao real, acumulando uma desvalorização de cerca de 12% em 2025. Esse movimento foi favorecido pela queda da taxa de juros americana de 10 anos e pela redução das tensões cambiais, contribuindo para o bom desempenho dos ativos de renda fixa.
- Recuo das taxas de juros favorece papéis prefixados e de juro real: a sinalização do Banco Central de que pretende encerrar o ciclo de alta da SELIC provocou forte recuo nas taxas de juros, especialmente nos prefixados de médio prazo. O pré de 3 anos caiu cerca de 50 pontos-base, fechando o mês em 13,1% ao ano. A NTNB 2050 voltou a operar a 7% ao ano, patamar não visto desde dezembro de 2024.
- Desempenho superior ao CDI em quase todas as classes de renda fixa: com exceção do IMA B5, que representa papéis indexados à inflação com vencimento inferior a 5 anos, todas as principais classes de renda fixa superaram o CDI no mês e no acumulado de 2025. A recomendação segue com alocação acima do neutro, com preferência por ativos de juro real com vencimentos superiores a 5 anos.
- Perspectiva positiva para o prefixado e recomendação de revisão de alocação: apesar da recomendação neutra para o prefixado, a visão é construtiva para a classe, especialmente com o fim do ciclo de alta da SELIC, que historicamente marca um período favorável para ativos de maior risco. Investidores com baixa exposição ao prefixado são orientados a reavaliar sua alocação estratégica nos próximos meses.
- Posicionamento cambial – venda de dólar contra pares desenvolvidos: a recomendação segue com viés de venda para o dólar frente a moedas desenvolvidas, via índice DXY, e neutra para o real. A expectativa é de que o início do recesso legislativo no Brasil reduza a volatilidade local, enquanto a retomada das discussões tarifárias nos EUA pode reacender incertezas no cenário internacional.
Renda Variável
- Ibovespa acumula forte valorização e atrai capital estrangeiro: a bolsa brasileira encerrou junho com alta de 1,3%, acumulando ganhos de 15,4% no ano e 31% em dólar. O fluxo estrangeiro foi determinante, com mais de R$ 28 bilhões investidos no primeiro semestre. Em contrapartida, investidores locais foram vendedores líquidos no período.
- Múltiplos atrativos e baixa alocação local indicam potencial de valorização: o Ibovespa segue negociando abaixo de sua média histórica e também em relação a outros mercados emergentes. Apesar disso, os gestores locais permanecem com baixa exposição à classe, o que, aliado ao fluxo estrangeiro, pode abrir espaço para valorização adicional no médio prazo.
- Cenário internacional favorece emergentes, mas riscos permanecem: a desvalorização do dólar – que teve, no primeiro semestre, sua pior performance desde 1973 –, beneficiou os mercados emergentes. No entanto, riscos como uma possível recessão nos EUA e a desaceleração da economia chinesa seguem no radar, podendo impactar negativamente países exportadores de commodities, como o Brasil.
- Alta do petróleo e tensões no Oriente Médio perdem força com cessar-fogo: a escalada do conflito no Oriente Médio elevou os preços do petróleo no início de junho, mas a perspectiva de um cessar-fogo reduziu o risco geopolítico e contribuiu para a queda nos preços de energia. Esse alívio favoreceu os ativos de risco globalmente, incluindo a bolsa brasileira.
- Questões fiscais e políticas influenciam o ambiente doméstico: a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso foi um dos principais eventos locais do mês. Com o início do recesso legislativo em julho, espera-se uma redução na temperatura política, o que pode contribuir para um ambiente mais estável para os ativos de renda variável no curto prazo.