Ata do Copom segue afastando cortes de juros ainda este ano

O Banco Central divulgou nesta terça-feira, 5, a Ata da quinta reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, quando decidiu manter a taxa Selic no patamar de 15,00% ao ano.

O documento reforçou o tom duro já antecipado na comunicação anterior, considerando que a política monetária deve se manter em um nível significativamente contracionista por período prolongado, diminuindo o espaço para a discussão sobre possíveis cortes ainda este ano.

Na avaliação do contexto global, o Comitê caracterizou o cenário externo como adverso e incerto, em função da conjuntura e da política econômica nos EUA, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos. Já em relação à conjuntura doméstica, avaliou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica tem apresentado sinais mistos, o que foi interpretado como um sintoma do momento de inflexão no ciclo econômico. Por um lado, a atividade econômica está apresentando sinais de perda de fôlego em ritmo esperado, como observamos no mercado de crédito, por outro, o mercado de trabalho ainda demonstra dinamismo.

O Comitê também destacou que tanto as medidas de inflação cheia e subjacentes quanto as expectativas apuradas pela pesquisa Focus permanecem situadas bem acima da meta, ainda que tenha se observado uma queda recente nas expectativas para os horizontes mais curtos. No curto prazo, destaca-se a surpresa baixista nos preços de alimentos, além de alguma melhora no componente de bens industrializados, mas a inflação de serviços, que apresenta maior inércia, se demonstrou inerte e em patamar acima do nível compatível com o cumprimento da meta.

Em relação aos próximos passos, a Ata antecipa uma continuação da pausa no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado. Assim, o Copom pretende avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando sua extensão por período bastante prolongado, é suficiente para a assegurar a convergência da inflação à meta. Por fim, o Comitê afirmou que, diante do cenário desafiador, seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou nesta terça-feira, 5, que o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços dos EUA caiu de 50,8 em junho para 50,1 em julho. O resultado veio abaixo das projeções do mercado, que esperava um movimento na direção contrária (51,5). Apesar da queda, a leitura acima do limiar de 50 pontos indica que a atividade ainda está em expansão.

Na quebra por componentes, os novos pedidos (relacionados à demanda) reduziram novamente (de 51,3 para 50,3), enquanto a parte de preços elevou-se ainda mais, de 67,5 para 69,9 pontos, atingindo o patamar mais alto desde outubro de 2022. Já o componente de emprego, aprofundou-se em território contracionista, caindo de 47,2 para 46,4.

A leitura de hoje, abaixo da expectativa e com composição pior, deve – junto ao ISM de manufatura divulgado na sexta-feira, 1º, também abaixo do esperado – alimentar a preocupação do mercado por uma desaceleração mais expressiva da atividade americana. A tese ganhou ainda mais força após a leitura fraca do Payroll também divulgado na semana passada e tem levado a uma antecipação da precificação de retomada do ciclo de cortes por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Quer deixar um comentário? Clique aqui!