Ata do Copom: cenário nebuloso; CPI desacelera nos EUA

No Radar do Mercado: ata do Copom traz alertas importantes sobre o potencial impacto de mais estímulos fiscais; inflação nos EUA desacelera

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Getty Images

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe alertas sobre o potencial impacto do aumento dos estímulos fiscais sobre a economia e sobre o cenário prospectivo de inflação.

Embora as autoridades enfatizem que vivemos um momento particularmente incerto – o que exige uma postura especialmente serena – o texto contido no documento indica que o Copom irá monitorar, atentamente, o potencial impacto de gastos adicionais sobre a demanda agregada e seus efeitos sobre o preço de ativos e expectativas de inflação, principalmente para 2024.

Não é improvável que as expectativas para 2024, atualmente em 3,5% (vs. meta central de inflação de 3,0%), aumentem nas próximas semanas. No entanto, devem ser contrabalanceadas por perspectivas para a atividade econômica desacelerando de forma mais clara, e os efeitos das pressões desinflacionárias globais ficando mais evidentes. Assim, o Comitê deverá manter a taxa Selic elevada por um período prolongado. A flexibilização esperada na política monetária para 2023 pode ser revista.

EUA: Inflação desacelera em novembro

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos teve uma alta mensal de 0,10% em novembro, desacelerando na comparação com o resultado de outubro (0,44%) e abaixo do esperado pelo mercado (0,3%). O componente de energia foi o que mais contribuiu para a desaceleração no mês, com recuo de 1,6% frente a outubro.

Na comparação anual, houve variação de 7,1%, também abaixo do resultado anterior (7,7%) e da expectativa do mercado (7,3%). Este foi o menor aumento em 12 meses desde o período encerrado em dezembro de 2021.

O núcleo do indicador, que exclui itens mais voláteis, como alimentos e energia, avançou 0,2% no mês, também abaixo das expectativas do mercado, de 0,3% m/m. Na base anual, houve recuo de 6,3% para 6,0%. O componente de bens seguiu em deflação, com recuo de 0,5% no mês, enquanto os serviços desaceleraram para 0,44%.

A leitura benigna reforça a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) abrande o ritmo de elevação dos juros na reunião de amanhã, com alta de 50 pontos-base. Além disso, como o BC renova sua projeções para as principais variáveis a cada três meses, a leitura pode implicar em revisão de alta mais moderada de sua expectativa para a taxa de juros ao fim de 2023, atualmente em 4,6%.

Setor de serviços recua 0,6% em novembro

Em outubro, a receita real do setor de serviços recuou -0,6% no comparativo mensal, abaixo da mediana das expectativas do mercado (-0,2%). Essa foi a primeira contração em sete meses.

Vale destacar que os serviços prestados às famílias, que foram os mais afetados pelas medidas de distanciamento social durante a pandemia, tiveram sua primeira queda após crescer por sete meses consecutivos, e ainda não atingiram o patamar pré-pandemia.

Esperamos que o setor de serviços continue a desacelerar nos próximos meses. Os efeitos da reabertura estão se dissipando, e os demais setores, como produção industrial e comércio varejista, já mostram alguma desaceleração.

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