Ata do Copom: estratégia mantida

No Radar do Mercado: documento reforça que o Copom manterá, por enquanto, a estratégia de juros estáveis por tempo prolongado; já a produção industrial do país recuou novamente

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Itaú Private Bank

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada hoje trouxe mais detalhes sobre o racional por trás da decisão da semana passada, quando as autoridades optaram novamente por manter a taxa Selic inalterada, em 13,75% ao ano, em linha com o esperado pelo mercado.

O documento reforçou a mensagem de que o comitê manterá, por enquanto, sua estratégia de taxas estáveis por um período suficientemente prolongado para trazer a inflação de volta para a meta no horizonte relevante, que inclui 2023 e 2024.

A ata também traz mais detalhes sobre a avaliação das autoridades com relação às economias global e brasileira, destacando a expectativa de que ocorra uma desaceleração em ambas. No Brasil, em particular, o Copom prevê, como resultado do aperto monetário já realizado, um aumento da ociosidade ao longo do horizonte relevante de política monetária e menciona alguns sinais já perceptíveis nos dados de crédito e de atividade econômica.

Além disso, as autoridades mantiveram as mensagens de vigilância e perseverança, assim como a de uma atenção especial à evolução da inflação de serviços, até a consolidação do processo de desinflação e de ancoragem das expectativas.

Esperamos que o comitê mantenha a taxa básica de juros no patamar atual até meados de 2023, quando deve iniciar um ciclo de flexibilização gradual.

Produção industrial cai em setembro

A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de setembro apontou um recuo mensal de 0,7% na produção nacional, em linha com as expectativas do mercado. Este é o segundo resultado negativo consecutivo do indicador.

Frente a setembro de 2021, a indústria cresceu 0,4%, o segundo mês consecutivos de alta. Porém, o setor ainda se encontra 2,4% abaixo do patamar pré-pandemia (de fevereiro de 2020).

As quatro grandes categorias econômicas retraíram no mês, sendo que as maiores quedas foram registradas em bens de consumo semi e não duráveis e bens intermediários, ambas apontando o segundo mês seguido de recuo.

Houve um comportamento predominantemente negativo do setor, com redução na produção de 21 das 26 atividades industriais pesquisadas. As influências negativas mais importantes vieram de produtos alimentícios, seguida por metalurgia e coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis.

Com o resultado de hoje, a produção industrial encerrou o 3T22 com queda de 0,3% tri/tri. Nosso tracking (estimativa de alta frequência) do PIB está em +0,3% tri/tri. Junto com a diminuição da renda disponível e o maior impacto da política monetária contracionista, esperamos que a atividade econômica continue desacelerando no 4T22, com a produção industrial praticamente estável.

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