Ata do Fed destaca flexibilidade para decisões futuras
No Radar do Mercado: o Federal Reserve divulgou ontem a ata de sua última reunião; na China, o resultado da balança comercial em março superou as expectativas do mercado
Por Itaú Private Bank
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) divulgou ontem a ata de sua última reunião, quando as autoridades elevaram os juros em 25 pontos-base. Hoje, as taxas estão no intervalo de 4,75% a 5%.
O documento apontou que diversos participantes preferiam uma pausa, enquanto outros eram a favor de uma alta de 50 pontos-base. O consenso foi, então, seguir com o meio termo (25 pontos-base).
A ata também apontou que as autoridades esperam uma recessão leve no final deste ano, algo consistente com as revisões das projeções econômicas divulgadas na última decisão, com uma redução das estimativas para o PIB e uma previsão de mercado de trabalho mais apertado.
Outro destaque foi o impacto negativo dos eventos no sistema bancário sobre as expectativas de taxa terminal de juros. Ainda assim, as autoridades destacaram a necessidade de observar a evolução dos dados para avaliar o real impacto do esperado aperto de crédito, reforçando a necessidade de flexibilidade nas próximas decisões.
Dessa forma, a importância de manter a flexibilidade e a opcionalidade nas próximas decisões de política monetária é a principal mensagem relacionada à orientação futura do Fed. De maneira geral, a ata veio em linha com as expectativas e não deve afetar a percepção de uma alta de 25 pontos-base em maio.
Exportações superam expectativas na China
A balança comercial chinesa teve um desempenho bem acima das expectativas em março, com um superávit de US$ 88 bilhões. Segundo dados divulgados pela Administração Geral de Alfândegas do país, as exportações subiram 14,8% na comparação anual, enquanto a projeção do mercado era de uma queda de 7%.
A surpresa pode ser parcialmente explicada pela sazonalidade do ano novo Lunar e pela normalização da cadeia de suprimentos após as disrupções no final de 2022. Ao analisar os destinos das exportações, a melhora foi disseminada, com um aumento para os EUA, União Europeia e emergentes.
Já as importações registraram uma queda 1,4%, após um forte recuo de 10,2% em janeiro e fevereiro. A melhora vem em linha com a recuperação da demanda doméstica.
À frente, as exportações devem contribuir negativamente para a atividade, com uma demanda global mais fraca. No entanto, os dados melhores no primeiro trimestre podem levar a algum ajuste nas projeções de mercado para o PIB. Nossa expectativa é de um crescimento de 5,7% neste ano.