Banco Central Europeu mantém ritmo e eleva juros em 25 pontos-base
No Radar do Mercado: em linha com o esperado pelo mercado, o BCE elevou os juros em 25 pontos-base; na contramão, o Banco Central da China cortou uma de suas taxas de juros
Por Itaú Private Bank
BCE mantém ritmo e eleva juros em 25 pontos-base
O Banco Central Europeu (BCE) elevou suas taxas de juros em 25 pontos-base, mantendo o ritmo de alta. Com a decisão, já esperada pelo mercado, a taxa de refinanciamento passa para 4%, a de depósitos para 3,50% e a de empréstimos para 4,25%.
No comunicado, o BCE afirmou que a inflação está em queda, mas que deve seguir alta por um longo período. Houve uma elevação nas projeções das autoridades para a inflação e para o núcleo (que exclui itens mais voláteis, como alimentos e energia) para os próximos três anos. A revisão foi mais expressiva para 2023, dado o ritmo lento do processo de desinflação e o forte mercado de trabalho. A expectativa das autoridades é que a inflação se aproxime da meta apenas em 2025, mas que ainda fique ligeiramente acima.
O documento destacou que as altas nos juros estão sendo transmitidas para a economia, que os custos de empréstimos subiram, enquanto o volume tem diminuído. Diante de condições financeiras mais restritas, a inflação deve se aproximar da meta ao longo do tempo, com um enfraquecimento da demanda. Por fim, reforçou que as próximas decisões dependerão da evolução dos dados.
Em coletiva de imprensa, Christine Lagarde, presidente do BCE, afirmou que uma nova alta nos juros provavelmente acontecerá em julho. Quando questionada sobre a possibilidade de uma pausa como a realizada pelo Federal Reserve ontem, ela ressaltou que o BCE ainda não está em posição de discutir esse movimento.
Banco Central da China corta taxas de juros
O Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês) divulgou os dados de atividade de maio, que vieram abaixo do esperado pelo mercado, mostrando a desaceleração da economia no segundo trimestre, vindo de uma reabertura vigorosa com o fim das restrições contra a Covid-19 no primeiro trimestre.
A produção industrial desacelerou para 3,5% na base anual, enquanto as vendas no varejo cederam para 12,7%. O índice de investimentos em ativos fixos também desacelerou, para 4%, enquanto a taxa de desemprego ficou estável em 5,2%. Além disso, os dados indicam que o setor imobiliário continua pesando negativamente na atividade.
Diante dos dados mais fracos de maio, o banco central da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou um corte nas taxas de juros da linha de crédito de médio prazo (MLF) de um ano em 10 pontos-base, para 2,65%. O resultado já era esperado, após o corte de mesma magnitude realizado no início da semana na sua linha de recompra (repo) de uma semana.
Setor de serviços recua além do esperado em abril
O volume de serviços no Brasil recuou 1,6% em abril frente a março, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, abaixo das expectativas do mercado (-0,1%). Na comparação anual, o setor avançou 2,7%.
A retração no mês foi mais disseminada, acompanhada por quatro das cinco atividades pesquisadas, com destaque para o setor de transportes, que devolveu parte do ganho acumulado entre fevereiro e março, e para serviços de informação e comunicação. No sentido oposto, a única expansão ficou com serviços prestados às famílias, que recuperaram parte da perda acumulada no mês anterior.
Para maio, esperamos alguma estabilidade no indicador e um aumento nos serviços oferecidos às famílias. Nosso tracking, estimativa de alta frequência, para o PIB ficou estável em 0,3% tri/tri e 2,6% a/a para o segundo trimestre.
Produção industrial e vendas no varejo nos EUA surpreendem o mercado
A produção industrial americana caiu 0,2% em maio, desacelerando na comparação com abril (0,5%) e abaixo da projeção do mercado, que esperava uma alta de 0,1%. A utilização da capacidade instalada da indústria caiu para 79,6%. Já a produção manufatureira cresceu 0,1%, mas desacelerando em relação a leitura anterior.
As vendas no varejo também surpreenderam com uma alta de 0,3% enquanto a expectativa era de uma retração do indicador. O grupo de controle, que tem maior relação com o componente de consumo do Produto Interno Bruto (PIB) americano, veio em linha com o esperado, subindo 0,2%, mas houve uma revisão para baixo na leitura de abril. Os dados seguem indicando resiliência da atividade econômica americana, ainda que em gradual desaceleração após o forte primeiro trimestre.