BCE eleva juros em 50 pontos-base e anuncia aperto quantitativo
No Radar do Mercado: o Banco Central Europeu (BCE) desacelerou o ritmo e elevou suas três principais taxas de juros em 50 pontos-base; nos EUA e na China, produção industrial e vendas no varejo desaceleraram
Por Itaú Private Bank
Na última reunião do ano, o Banco Central Europeu (BCE) desacelerou o ritmo e elevou suas três principais taxas de juros em 50 pontos-base, com o objetivo de garantir o retorno da inflação para a meta de 2% no médio prazo. Com a decisão, já esperada pelo mercado, a taxa de refinanciamento passa para 2,50%, a de depósitos para 2,00% e a de empréstimos para 2,75%.
A expectativa em relação ao juros foi ajustada, com o Conselho do BCE julgando que as taxas ainda terão que subir "significativamente" para trazer a inflação para 2%. Além disso, o comunicado destaca que manter as taxas em níveis restritivos reduzirá a inflação ao longo do tempo, enquanto protegerá contra o risco de uma elevação persistente nas expectativas. No que diz respeito ao ritmo de altas, as futuras decisões continuarão a depender da evolução dos dados, mantendo a abordagem reunião a reunião.
O BCE também mudou a orientação futura para os reinvestimentos em sua carteira do Programa de Compra de Ativos (APP), anunciando um aperto quantitativo (QT) passivo a partir de março. Segundo o comunicado, a queda será de 15 bilhões de euros por mês até o final do segundo trimestre de 2023, com o ritmo subsequente a ser determinado ao longo do tempo.
Por fim, também foram divulgadas as novas projeções para as principais variáveis econômicas, com revisões altistas significativas para a inflação.
A expectativa agora é que a inflação média feche 2022 em 8,4%, recuando para 6,3% em 2023. Para 2024 e 2025, projeta-se a inflação média em 3,4% e 2,3%, respectivamente. Excluindo energia e alimentos, a inflação média é projetada em 3,9% para 2022 e 4,2% em 2023, antes de recuar para 2,8% em 2024 e 2,4% em 2025.
Vendas no varejo e produção industrial nos EUA recuam
As vendas no varejo dos EUA caíram 0,6% em novembro, desacelerando na comparação com a leitura de outubro, quando avançaram 1,3%, e abaixo das projeções do mercado (-0,2%). Ao excluir automóveis, as vendas no setor também desaceleraram, de 1,2% para -0,2%, novamente abaixo das expectativas (0,2%). Mesmo excluindo automóveis e gasolina, houve queda das vendas (-0,2% versus projeção de 0%).
O grupo de controle, que tem maior relação com o componente de consumo do Produto Interno Bruto (PIB) americano, desacelerou de 0,5% para -0,2%, também abaixo das expectativas do mercado (0,1%).
De maneira geral, o resultado de hoje veio abaixo das expectativas, que já projetavam uma desaceleração da atividade econômica neste fim de ano.
A produção industrial americana também desacelerou, de -0,1% em outubro para -0,2% em novembro, enquanto a expectativa do mercado era de estabilidade.
A utilização da capacidade da indústria recuou de 79,9% para 79,7%, também ligeiramente abaixo do esperado (79,8%). Já a produção manufatureira variou -0,6%, abaixo da expectativa (-0,2%) e do resultado anterior (0,3%, após revisão altista).
Atividade econômica desacelera na China
Na China, novembro foi um mês de atividade fraca, devido às restrições impostas para conter os casos de Covid-19 que registraram recorde no mês. A produção industrial desacelerou para 2,2% em novembro na comparação anual, abaixo do esperado pelo mercado (3,5%), puxada pelo setor de manufatura.
As vendas no varejo caíram 5,9%, também na comparação anual, a maior queda desde os lockdowns de Xangai em abril. Já o investimento em ativos fixos cresceu 5,3%, também abaixo do esperado e mostrando desaceleração frente ao mês anterior. A taxa de desemprego, por sua vez, subiu de 5,5% em outubro para 5,7% em novembro.
Apesar do fraco desempenho da atividade econômica no mês, sinais de reabertura mais rápida do que o antecipado e a expectativa de uma estabilização do setor imobiliário à frente melhoram as perspectivas para o crescimento do PIB em 2023.
Relatório Trimestral de Inflação: BC atento aos riscos
O Relatório de Inflação (RI) de dezembro de 2022 mostra projeções ainda consistentes, a nosso ver, com manutenção da taxa Selic no patamar atual de 13,75% a.a. por período prolongado.