Brasil é o 10º maior mercado global de venture capital do mundo, dizem gestoras
Durante o Brazil Private Markets Summit, do Itaú Private Bank, fundadores da Monashees e Astella apontaram que a IA será o motor dos novos investimentos, com impacto direto em produtividade, inovação e geração de empresas globais
O Brasil ocupa hoje a 10ª posição entre os maiores mercados globais de venture capital, com São Paulo já figurando entre as principais cidades no cenário tecnológico mundial. O dado revela o amadurecimento de um ecossistema que há duas décadas ainda era incipiente no país.
No painel dedicado ao aporte em empresas em estágios iniciais de desenvolvimento do Brazil Private Markets Summit, evento do Itaú Private Bank, Edson Rigonatti, fundador da Astella, e Erich Acher, sócio-fundador da Monashees, compartilharam a visão de quem ajudou a moldar o setor no Brasil desde os anos 2000. Ambos destacaram que a inteligência artificial se tornou o eixo central da próxima fase de investimentos em ativos privados, especialmente na classe Venture Capital.
O consenso foi que, embora ainda faltem estruturas que viabilizem todo o potencial da IA nos smartphones ou na nuvem, a adoção da tecnologia é inevitável. Empresas que mantiverem disciplina em valuation e eficiência na implementação das novidades devem capturar ganhos expressivos.
Ciclos de crescimento
Os gestores lembraram que o mercado de venture capital é marcado por ciclos de abundância, seguidos por correção. Depois do excesso de liquidez da última década e da correção de 2022, a disciplina voltou a ser prioridade entre empresas e gestores. Hoje, o ecossistema é liderado por empreendedores mais experientes, muitos em sua segunda ou terceira jornada, com ambição de construir companhias globais.
Portfólio
Como exemplo dos movimentos que podem impactar o mercado daqui para frente, Rigonatti destacou o investimento em uma startup brasileira de automação em Python. Para ele, o empreendimento ganhou tração internacional e já obtém parte da receita fora do país. Erich Acher, por sua vez, citou nomes como Grax e Music.ai, que nasceram no Brasil e expandem suas operações com foco em soluções baseadas em IA.
Esses casos ilustram como a região vem deixando de ser apenas usuária de tecnologia importada para se tornar geradora de inovação com alcance global. O movimento é comparável ao de Israel em 2009, quando empreendedores bem-sucedidos passaram a reinvestir no ecossistema, criando um ciclo virtuoso de inovação.
Relacionamento
Outro ponto destacado foi a relação com os empreendedores. Para os gestores, ser o primeiro parceiro estratégico da startup é fundamental. Essa parceria vai além do capital financeiro e envolve apoio em decisões estratégicas, governança e conexões com outros negócios.
Ambos também ressaltaram que o aporte em venture capital deve ser encarado como uma maratona, e não uma corrida rápida. O sucesso depende de paciência, disciplina e visão de longo prazo.
Principais destaques
- Brasil: país ocupa a 10ª posição entre os maiores mercados globais de venture capital.
- Inteligência artificial: o eixo central dos novos investimentos é a IA, com impacto em produtividade e inovação.
- Disciplina: investidores precisam ter cautela em valuations das empresas para evitar erros do passado.
- Empresas: Astella investe em empresas de automação com uso de IA; a Monashees cita negócios com foco mais amplo, como de uma empresa que investe em música gerada por IA.
- Amadurecimento: ecossistema brasileiro é hoje comparado ao de Israel em 2009, com empreendedores maduros.
- Parcerias: gestores dizem que estratégia é serem os primeiros aliados dos fundadores.
- Mensagem final: venture capital é uma maratona; exige paciência, disciplina e visão de longo prazo.