CMN define meta de inflação em 3% para 2026

No Radar do Mercado: O Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou o horizonte a ser seguido como alvo da política monetária; na zona do euro e nos EUA, indicadores de inflação desaceleraram em junho

Por Itaú Private Bank

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Créditos: Getty Images

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter a meta de inflação em 3,0% para 2024, 2025, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. O mesmo patamar foi definido para 2026. Além disso, houve uma mudança no horizonte a ser seguido como alvo da política monetária, que a partir de 2025 passa a ser de meta contínua (anteriormente, o modelo era de ano-calendário).

Os detalhes de como a meta contínua funcionará serão conhecidos com a publicação do decreto oficial. Em nossa visão, tais mudanças, se implementadas com cautela, podem trazer avanços ao institucionalizar a prática usual do Banco Central de olhar para um horizonte contínuo para o cumprimento da meta e evitar medidas ineficientes que distorcem os preços relativos para mostrar a inflação dentro dos limites estabelecidos em dezembro.

Além disso, a mudança elimina a necessidade anual de que o CMN defina as metas três anos à frente, o que pode ajudar a ancorar as expectativas de longo prazo, ao mesmo tempo em que alinha o Brasil às melhores práticas internacionais.

Inflação dos EUA medida pelo núcleo do PCE desacelera em junho

O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos EUA desacelerou de 0,4% para 0,3% em junho, na comparação mensal. O indicador, que exclui as pressões de energia e alimentos, veio em linha com as expectativas.

Na comparação anual, houve uma desaceleração, de 4,7% para 4,6%, ligeiramente abaixo do esperado. Vale lembrar que o indicador é uma das referências usadas pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) em suas decisões de política monetária.

Para o indicador “cheio” do PCE, que inclui os itens mais voláteis, houve uma desaceleração mais intensa do que o esperado em relação a maio, na base mensal, de 0,4% para 0,1%. Na comparação anual, também houve um recuo, de 4,3% para 3,8%, enquanto o esperado pelo mercado era uma alta de 4,6%.

O gasto nominal dos consumidores e o gasto real (ajustado pela inflação) desaceleraram no mês. Também houve uma revisão para baixo de ambas as leituras de maio.

De maneira geral, o núcleo do PCE em linha com as expectativas não deve alterar a visão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de que o indicador segue em patamar elevado e que ainda há mais trabalho a ser feito no processo de aperto monetário no país.

Inflação desacelera na zona do euro em junho

O índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro desacelerou de 6,1% em maio para 5,5% em junho, na comparação anual, ligeiramente abaixo das expectativas.

O resultado se deve principalmente à desinflação de energia. O componente de alimentação também segue perdendo força, apesar de ainda estar em patamar elevado. A inflação de bens segue em tendência de desaceleração, enquanto serviços apresentaram um crescimento.

O núcleo do indicador, que exclui os componentes mais voláteis, como energia e alimentação, acelerou de 5,3% para 5,4%, mas abaixo do esperado (5,5%). À frente, esperamos que o núcleo da inflação permaneça nesse patamar em agosto e setembro, em linha com mais duas altas de 25 pontos-base nas taxas de juros do Banco Central Europeu (BCE), nas reuniões de julho e setembro.

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