Copom acelera ritmo de alta de juros

No Radar do Mercado: conforme esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A decisão unânime veio em linha com as expectativas do mercado.

No comunicado, o comitê destacou o cenário externo desafiador, com incertezas nos EUA que suscitam dúvidas sobre a atividade e a inflação e, consequentemente, sobre as próximas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Sobre o Brasil, o comunicado ressaltou que a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam resilientes, enquanto as expectativas de inflação seguem desancoradas. Os membros também revisaram ligeiramente para cima a projeção de inflação, de 3,5% para 3,6%, no horizonte relevante, que mudou para o segundo trimestre de 2026.

Com relação aos passos futuros, o comunicado não fixou qualquer ritmo específico para as próximas reuniões, mas deixou clara a relevância das medidas fiscais estruturais, ainda a serem apresentadas pelo governo. Segundo as autoridades, essas medidas podem reduzir os prêmios de risco, ajudando assim a conter a depreciação cambial.

Por enquanto, mantemos a nossa visão de um ritmo de cortes de 0,50 p.p. à frente, aguardando também por mais clareza na frente fiscal. Saberemos mais sobre o raciocínio das autoridades com a divulgação da ata da reunião no dia 12 de novembro.

Nossa visão para os mercados

O efeito da decisão de hoje nos mercados amanhã deve ser reduzido. A alta de 0,50 p.p. já era esperada e o comunicado mais duro do Copom também deve prover maior confiança ao mercado.

Olhando adiante, o mercado deverá continuar sensível aos desenvolvimentos do cenário externo e, sobretudo, ao conteúdo do pacote fiscal a ser anunciado nas próximas semanas. A persistência dos desafios fiscais representa riscos de alta para a inflação e para a trajetória esperada da taxa de juros.

Nossa visão para os ativos de renda fixa permanece inalterada. Seguimos recomendando uma alocação um nível acima do neutro (+1) para o juro real, onde, além de taxas historicamente atrativas, a proteção inflacionária é um diferencial importante. Em prefixados, mais expostos à volatilidade devido à sua natureza nominal, seguimos com alocação neutra. Dado que estamos apenas no início do atual ciclo de alta, com a curva de juros embutindo alta da Selic até cerca de 13,5% em meados de 2025, ativos pós-fixados devem continuar a contribuir para nossas carteiras.

Em relação ao real, o mercado deve continuar dividido entre os efeitos potenciais do futuro governo Trump, que podem contribuir para um dólar forte, e os efeitos do pacote fiscal a ser divulgado, com seu possível impacto sobre a sustentabilidade da dívida pública brasileira. Com isso, continuamos sem alocação em moedas.

Historicamente, ciclos de alta na taxa de juros tornam a renda variável menos atrativa versus a renda fixa. Assim, seguimos com alocação um nível abaixo do neutro (-1) em bolsa brasileira. De qualquer forma, não esperamos fortes oscilações após a decisão do Copom.

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