Copom eleva a taxa Selic para 12,75% ao ano
No radar do mercado: conforme esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 100 pontos-base nesta quarta-feira. É o décimo aumento consecutivo na taxa básica de juros
Por Vanessa Daraya

Conforme esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 100 pontos-base para 12,75% ao ano. É o décimo aumento consecutivo na taxa básica de juros.
No comunicado, o comitê destacou que o ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias se intensificaram com a nova onda de Covid-19 na China e a guerra na Ucrânia. No Brasil, a atividade econômica cresce em ritmo esperado, mas a inflação segue surpreendendo negativamente.
O Copom considerou que o ciclo de aperto deve se estender, mas com aumento de menor magnitude. Comentou também que o ciclo de ajuste está avançado e há impactos ainda a serem observados sobre a economia, fatores que demandariam uma cautela adicional.
A leitura do comunicado indica que a decisão de parar ou estender o ciclo daqui para frente será tomada a cada reunião, a depender do comportamento das projeções/expectativas de inflação para 2023, que é agora o horizonte relevante da política monetária.
Mantemos a nossa projeção de que o ciclo de aperto termine com a Selic em 13,75% ao ano, com uma elevação adicional de 50 pontos-base nas duas próximas reuniões, em junho e agosto. Aguardaremos a divulgação da ata do encontro de hoje, que acontece na próxima semana e, se necessário, revisaremos essa projeção.
Mercados
Uma nova alta da Selic na reunião de junho, ainda que tenha sido descrita como provável, não foi colocada como certa. Neste sentido, a avaliação majoritária do mercado deve passar a considerar 13,25% como um limite para a Selic neste ciclo.
Mesmo que não seja, o banco central está próximo de encerrar o ciclo de alta. O mais importante é ter em mente que a expectativa para a evolução da Selic nos próximos três anos é conservadora. Afinal, os preços dos ativos de renda fixa embutem uma redução da Selic em 2023 e 2024 ainda no patamar de dois dígitos. Acreditamos que nesse ponto, diante de um comportamento mais benigno da inflação, a queda dos juros poderá ser mais intensa. Esta avaliação confirma a nossa visão de que a renda fixa oferece boas oportunidades no momento.
Quanto ao mercado de renda variável, de forma geral, o processo de aperto monetário em curso diminui a atratividade relativa das ações comparada a ativos de renda fixa. Entretanto, o comprometimento do banco central de trazer a inflação para a meta diminui a pressão de alta dos juros futuros, que tem maior influência sobre o valor das ações do que os juros curtos. Finalmente, a alta de juros traz suporte ao Real, o que dá maior conforto para os investidores estrangeiros investirem na bolsa.