Copom eleva a taxa Selic para 13,75% ao ano
No radar do mercado: conforme esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 50 pontos-base, para 13,75% ao ano
Por Itaú Private Bank
Conforme esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 50 pontos-base (bps), para 13,75% ao ano, no décimo segundo aumento consecutivo na taxa básica de juros. Além disso, preparou o cenário para o fim do ciclo de aperto monetário.
No comunicado, o comitê destacou que o ambiente externo segue adverso e volátil. No local, a inflação continua elevada, enquanto a atividade econômica segue em crescimento, com uma retomada do mercado de trabalho mais forte do que o esperado.
O comitê ressaltou que a decisão é compatível com a estratégia de trazer a inflação para ao redor da meta no horizonte relevante, que inclui 2023, mas dando maior ênfase à convergência no início de 2024. Além disso, destacou a incerteza ao redor de seus cenários e do balanço de riscos para a inflação.
Também indicou que o ciclo deve seguir avançando em território contracionista e que irá avaliar se uma alta adicional será necessária na próxima reunião. Se preciso, fará um ajuste residual de 25 bps. Mas enfatizou que as incertezas da atual conjuntura, aliadas à fase do aperto e seus impactos ainda a serem observados, demandam cautela.
Por enquanto, esperamos que o Copom mantenha a taxa básica inalterada na reunião de setembro, encerrando o ciclo de alta em 13,75%. Teremos mais detalhes sobre a visão do Copom na ata do encontro de hoje, que será publicada na próxima terça-feira.
Mercados
Os preços dos ativos de renda fixa no fechamento de hoje já precificavam a alta de 50 bps anunciada e mais um complemento em setembro pouco inferior a 25 bps. Uma vez que o Banco Central sinalizou para a próxima reunião elevar o juro em apenas mais 25 bps, ou até mesmo não subir mais, a expectativa para a taxa Selic parece estar bem ajustada e, com isso, as taxas curtas na abertura do mercado amanhã devem ser negociadas perto da estabilidade.
Vale destacar que a partir de agora será menos importante discutir se o ponto de parada da Selic será 13,75% ou 14%. Será mais relevante para o mercado analisar o cenário nos próximos meses para definir se o quadro apontará para um período mais prolongado de juros estáveis, ou se a discussão acerca de uma desaceleração econômica global mais intensa vai ganhar força, abrindo espaço para juros menores em um futuro não tão distante. Este diagnóstico é o que irá guiar o rumo das taxas médias e longas no Brasil pelos próximos meses.
Em termos de estratégia, reiteramos nossa opinião de que a renda fixa oferece boas oportunidades no momento. As taxas atuais ainda garantem um juro elevado por muitos anos à frente. Acreditamos que, à medida que a inflação mostrar sinais mais favoráveis, a Selic voltará a ser reduzida, beneficiando as carteiras de renda fixa no médio prazo.
Com isso, recomendamos que mesmo investidores com perfil conservador passem a seguir a mesma receita indicada para moderados e arrojados: aumentar gradualmente a parcela de títulos prefixados ou indexados à inflação (preferencialmente com vencimentos médios e longos) em suas carteiras, sempre alinhados aos seus respectivos perfis de risco.
No mercado de câmbio, o efeito sobre o Real deverá ser neutro. O noticiário global tem sido mais relevante do que o rumo da Selic, mesmo reconhecendo que juros mais altos tendem a jogar a favor da valorização da moeda.
A sinalização de que o ciclo de aperto monetário se aproxima de seu fim é positiva para a bolsa brasileira, já que a alta da taxa de juros reduz a atratividade relativa de ações frente aos ativos de renda fixa.