Copom eleva Selic em 0,5 ponto percentual, conforme esperado
No Radar do Mercado: Comitê confirmou a expectativa da maioria do mercado, elevou a Selic para 14,75% e melhorou o balanço de riscos para a inflação
Por Itaú Private Bank
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano, na terceira reunião de 2025. A decisão foi unânime e veio em linha com o esperado por nós e pela maioria do mercado. No comunicado divulgado após a decisão, o Comitê revelou uma projeção de inflação de 3,6% para o quarto trimestre de 2026, atual horizonte relevante da política monetária, ainda distante da meta, o que provavelmente motivou a elevação da Selic de hoje.
A principal mudança do comunicado veio no balanço de riscos. Agora, o Copom considera que existem pressões altistas e baixistas para inflação de forma simétrica. Antes, o Copom achava que os riscos eram assimétricos, com mais fatores altistas. O cenário externo tem sido predominante entre os fatores baixistas da inflação, via risco de desaceleração global e queda de preços de commodities.
O comunicado trouxe várias outras mudanças na linguagem que, no todo, indicam que o ciclo de alta pode ter terminado, se não houver mudanças muito significativas no cenário atual. Ainda é possível que o Copom opte por uma alta final em junho, mas se essa ocorrer provavelmente será de 0,25 ponto percentual.
O Copom também manteve a sinalização de que o cenário “prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, indicando não ter espaço para cortar juros tão cedo. As projeções do Boletim Focus, por sua vez, projetam a primeira queda de juros ainda este ano, o que parece cedo dada a linguagem do comunicado. Como de costume, saberemos mais sobre o pensamento do Copom com a divulgação da ata da reunião na próxima terça-feira, 13.
Nossa visão para os mercados
A interpretação majoritária do mercado sobre a decisão do Copom de hoje deverá ser de que este ciclo de alta de juros provavelmente encerrou-se hoje, com a Selic em 14,75%. Com isso, na abertura dos negócios amanhã, as taxas prefixadas devem apresentar redução moderada, sobretudo nos vértices intermediários (entre 2 e 5 anos). Já os vencimentos mais longos devem apresentar um comportamento mais contido, uma vez que os fatores que costumam influenciar essa parte da curva apresentam um grau de incerteza mais elevado. As NTN-Bs, por sua vez, tendem a se comportar de maneira similar, com redução mais intensa nas taxas dos papéis intermediários, enquanto os mais longos devem seguir com taxas mais próximas do fechamento de hoje.
As mensagens passadas pelo Banco Central não alteram nossa visão para as classes de renda fixa. Seguimos com alocação neutra nos prefixados (revisada para cima no mês passado), por entendermos que, se por um lado as taxas no patamar atual são historicamente atrativas, por outro sua natureza nominal no atual contexto de desafios e incertezas elevadas ainda recomendam cautela. Temos mais convicção em adotarmos uma postura mais ativa no juro real, nossa classe favorita, que além de apresentar taxas em patamar elevado, também proporciona proteção inflacionária, ingrediente valioso no atual contexto macroeconômico. Neste momento, nossa recomendação em juro real está 1 nível acima do neutro.
Em relação ao real, acreditamos que a decisão de hoje tenha impacto neutro. O quadro externo, marcado por receios acerca de tarifas e possível recessão nos EUA, deve continuar a atuar como o principal fator por trás do curso da nossa moeda. Nesse sentido, um maior diferencial de juros entre o Brasil e o resto do mundo deve ter efeito limitado sobre o real.
Para a bolsa, apesar de reconhecer que ciclos de alta da Selic diminuem a atratividade da renda variável frente à renda fixa no curto prazo, reforçamos a importância da postura firme do Banco Central em combater a inflação em meio a um cenário global mais incerto. O fato de o ciclo de aperto monetário estar próximo do fim, ou até ter acabado, é positivo para o Ibovespa. Entretanto, ressaltamos que o comportamento do mercado internacional deve continuar a ditar o desempenho dos ativos brasileiros no curto prazo. Diante disso, reafirmamos nossa alocação neutra em bolsa brasileira.
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