Copom reduz a Selic para 10,50% em votação não unânime
No Radar do Mercado: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 25 pontos-base; votação não foi unânime
Por Itaú Private Bank
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 25 pontos-base, para 10,50% ao ano, em linha com as expectativas mais recentes do mercado. A decisão, porém, não foi unânime. Os quatro membros nomeados mais recentemente votaram a favor de um corte maior, de 50 pontos-base.
A avaliação do comitê é que o ambiente externo está mais adverso, diante da incerteza relacionada ao início do corte dos juros nos Estados Unidos. No cenário doméstico, os dados de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado mais dinamismo do que o esperado. Além disso, o comitê destacou que acompanhou com atenção os últimos desdobramentos na política fiscal e seus impactos sobre a política monetária.
O comitê ressaltou no comunicado que houve uma avaliação unânime de que o cenário global incerto e o doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas de inflação demandam cautela na condução da política monetária.
Por ora, esperamos mais um corte de 25 pontos-base na taxa Selic para a próxima reunião do Copom. Saberemos mais detalhes sobre a decisão de hoje na ata da reunião, que será divulgada na terça-feira, 14 de maio.
Nossa visão para os mercados
A redução da Selic para 10,50% não foi uma surpresa, uma vez que já havia sido antecipada pelo mercado. Entretanto, ao deixar totalmente em aberto o que poderá fazer nas próximas reuniões, inclusive eventualmente interrompendo o ciclo de queda da Selic, deve gerar uma pressão altista marginal nas taxas curtas na abertura dos negócios amanhã.
Outro ponto que merece ser explorado é relacionado ao comportamento do restante da curva de juros. Normalmente, uma postura mais cautelosa do Banco Central tende a ser refletida nos preços através da desinclinação da curva, ou seja, os vértices mais longos apresentam uma reação mais benigna quando comparados aos vencimentos mais curtos. Contudo, o fato de a decisão de hoje ter sido dividida, num contexto em que o mercado demonstra algum grau de insegurança relacionado à troca do comando do Banco Central a partir do início de 2025, deve frear o movimento descrito acima. Ou seja, a parte longa da curva deverá continuar a operar com prêmio elevado.
Do ponto de vista estratégico, cabe destacar que os preços atuais na renda fixa já refletem um cenário bastante conservador. No prefixado, tem-se precificada uma redução apenas residual da Selic seguida por uma retomada prematura de um ciclo de alta de juros até ao redor de 12% em 2027. No juro real, todas as NTN-Bs operam acima de 6%, patamar historicamente elevado. Com isso, reiteramos a nossa recomendação acima do neutro para a classe juro real, que alia taxa atrativa com preservação do poder de compra. No pré, o resultado de hoje não altera nossa visão neutra para a classe.
O efeito da decisão de hoje para o Real deve ser reduzido. O mercado de câmbio tem olhado mais para os desenvolvimentos do cenário externo, sobretudo em relação à trajetória dos juros nos EUA e fatores geopolíticos, do que internamente. Acreditamos que essa tônica deverá seguir inalterada. Com isso, não vemos motivo para qualquer posicionamento ativo em moeda neste momento.
Por fim, o tom duro do comunicado e a consequente incerteza quanto aos próximos passos do Copom devem trazer mais volatilidade ao mercado de ações em um momento de também muitas dúvidas quanto à política monetária nos EUA. Entretanto, a perspectiva de continuidade de lucros fortes, múltiplos descontados e a baixa exposição dos investidores à bolsa são fatores que sustentam nossa recomendação acima do neutro para a classe.
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