Copom reduz taxa Selic
No Radar do Mercado: em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a Selic em 50 pontos-base, levando a taxa básica de juros a 12,75% ao ano
Por Itaú Private Bank
Copom reduz taxa Selic em 50 pontos-base
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 50 pontos-base para 12,75% ao ano, em linha com o esperado.
O comunicado destacou que o ambiente externo está mais incerto, com núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho em diversos países. No cenário doméstico, tem-se observado maior resiliência da atividade econômica e um processo desinflacionário gradual.
A autoridade monetária manteve a sinalização de que manterá o ritmo de corte de 50 pontos-base nas próximas reuniões, considerado como apropriado para perseverar com uma política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário e para a ancoragem das expectativas de inflação em torno de suas metas. Além disso, o Comitê manteve o balanço de riscos para seu cenário inalterado e reforçou a importância da persecução das metas fiscais no processo de ancoragem das expectativas de inflação.
Por ora, mantemos nossa projeção de Selic em 11,50% a.a. para o final de 2023, com mais uma queda de 50 pontos-base na próxima reunião e aceleração para 75 pontos-base na última reunião do ano, e 9,00% a.a. no final do ciclo em 2024. Saberemos mais sobre a decisão de hoje na divulgação da ata dessa reunião na próxima terça-feira e do Relatório Trimestral de Inflação no dia 28.
Mercados
Os mercados já embutiam nos preços no fechamento de hoje a perspectiva de redução da Selic em 0,50%, de modo que a decisão anunciada não trouxe surpresa. Além disso, o teor do comunicado divulgado, detalhando a decisão, também não parece ter trazido informações com potencial de alterar as expectativas para as próximas reuniões, que apontam para a continuidade do ciclo de redução gradual dos juros. Com isso, esperamos que na abertura dos negócios amanhã as taxas sejam negociadas ao redor da estabilidade por toda a curva de juros.
Cabe destacar ainda que, nas últimas semanas, os ativos brasileiros têm oscilado mais em função do noticiário internacional, dependentes sobretudo do comportamento das taxas de juros nos EUA e do dólar. Esperamos que esta dinâmica continue vigente, influenciando principalmente os vencimentos mais longos das curvas de juro nominal e real por aqui.
Reiteramos nossa recomendação acima do neutro para a classe Juro Real, que ainda oferece taxas em patamar atrativo e por prazos mais longos, permitindo-se preservar por mais tempo o atual patamar de rentabilidade. Já a classe pré-fixada continua sendo um elemento complementar importante para nossas carteiras modelo, porém com participação mais modesta quando comparada à parcela de títulos em juro real. A proteção inflacionária oferecida por estes últimos é, em nossa opinião, um diferencial valioso neste contexto de incertezas relevantes ainda visíveis no horizonte.
A decisão do Copom de cortar a taxa Selic novamente é positiva para a bolsa brasileira, em linha com nossa recomendação acima do neutro (+1). Historicamente, ciclos de afrouxamento monetário ajudam a valorizar as ações no curto a médio prazo devido ao impulso na atividade econômica, redução do custo de capital das empresas e aumento da atratividade relativa da renda variável vs. a renda fixa, atraindo recursos dos investidores.
Por último, não acreditamos que esta nova redução da Selic deva influenciar no comportamento do Real. Continuamos a ver espaço para nossa moeda valorizar-se no médio prazo, à medida em que o dólar entrar em rota de desvalorização global e a pauta de reformas macro e microeconômicas continuar evoluindo.