Copom: sem sinais de que corte nos juros está próximo
Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve a taxa Selic em 13,75% e reforçou que cenário demanda cautela
Por Itaú Private Bank
Conforme esperado pelo mercado, o Copom manteve a taxa Selic, mas não deu nenhuma indicação no comunicado de que o corte nos juros está próximo. Reforçou, inclusive, que a estratégia de manter os juros em patamar alto por um longo período tem funcionado em um cenário que demanda cautela.
Em uma semana marcada por decisões de política monetária, o Banco Central britânico surpreendeu o mercado ao acelerar o ritmo de alta diante da persistência inflacionária. Enquanto isso, na contramão, as taxas de juros da China foram cortadas, em um esforço para estimular a economia em desaceleração.
Confira os destaques da semana:
Copom mantém Selic novamente em 13,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, conforme esperado, e não trouxe indicação no comunicado de que o corte nos juros está próximo. O comitê destacou que as medidas de inflação subjacente estão acima do compatível com a meta e que a desaceleração recente no IPCA acumulado em 12 meses deve ser revertida no segundo semestre. Além disso, voltou a indicar que o cenário demanda cautela e reforçou que a manutenção da taxa no patamar atual por um longo período para trazer a inflação para a meta tem funcionado. Seguimos com a nossa projeção do começo do ciclo de corte de juros em setembro, com a Selic fechando o ano em 12,50%.
Banco Central da China corta suas principais taxas de juros
Em linha com os esforços de estimular a economia, que tem dados sinais de desaceleração no segundo trimestre, o Banco Central da China (PBoC, na sigla em inglês) reduziu suas taxas de juros de referência para empréstimos de curto e longo prazos em 10 pontos-base. A Loan Prime Rate (LPR) de 1 ano agora está em 3,55%, e a LPR de 5 anos, referência para hipotecas, em 4,20%. O movimento já era esperado, mas a magnitude frustrou parte das expectativas de um corte maior, como forma de apoio ao setor imobiliário que segue mostrando sinais de fraqueza.
BC britânico surpreende e acelera ritmo de alta dos juros
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevou a sua taxa de juros em 50 pontos-base, para 5%, acima das expectativas do mercado e acelerando o ritmo (na reunião passada, a alta foi de 25 pontos-base). A maioria dos membros optou por acelerar o passo devido a maior persistência da inflação, em um cenário de mercado de trabalho apertado, além de uma resiliência da demanda. O comunicado apontou que, se houver evidências de pressões mais persistentes, novas altas de juros ainda serão necessárias.
PMI composto desacelera na zona do euro
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro desacelerou em junho, de 52,8 para 50,3 pontos, abaixo da projeção do mercado, com uma queda acentuada tanto no setor de serviços quanto no manufatureiro (que apresenta maiores sinais de fraqueza). Vale lembrar que leituras acima de 50 pontos sinalizam expansão da atividade. O patamar do indicador composto é o mais fraco dos últimos quatro meses, sinalizando um enfraquecimento no ritmo da atividade no bloco.
Nos EUA, indicador também desacelerou além do esperado
Nos EUA, o PMI composto também recuou além do esperado, de 54,3 para 53. O componente manufatureiro seguiu em território contracionista, agora com uma queda mais profunda do que o projetado. O setor de serviços perdeu força pela primeira vez no ano, mas veio ligeiramente acima das expectativas e ainda em patamar que indica uma expansão da atividade. De maneira geral, apesar de o ritmo ter desacelerado, houve uma expansão da atividade empresarial no segundo trimestre, embora tenha desacelerado para o nível mais baixo em três meses.