EUA-China: Impactos da Guerra Comercial nos mercados

Market Update: confira os destaques da conversa com Brendan Ahern, Chief Investment Officer da KraneShares, e Laura Pitta, Macro Research do Itaú BBA

Por Itaú Private Bank

3 minutos de leitura

Aconteceu na quarta-feira, 23 de abril, a live Market Update, que contou com a presença de Brendan Ahern, Chief Investment Officer da KraneShares, e Laura Pitta, Macro Research do Itaú BBA, com moderação de Niraj Patel, Chief Equities Strategist do Banco Itaú International. A live discutiu os desdobramentos da intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, e seus impactos globais.

Confira a seguir os destaques do bate-papo:

Escalada das tarifas

As novas medidas tarifárias dos Estados Unidos, com peso em especial sobre a China – praticamente inviabilizando o comércio bilateral – geraram forte volatilidade nos mercados, trazendo incertezas para o comércio global. A magnitude das tarifas, em anúncio de números mais agressivos do que o esperado, surpreendeu os mercados. Em resposta, a China adotou medidas recíprocas, sinalizando que não cederia passivamente à pressão americana.

As medidas podem impactar o consumidor americano, que pode ver um aumento no preço de vários produtos, inclusive de tecnologia, e elevou o risco de desaceleração econômica global. Laura Pitta destaca que o cenário atual é mais grave que episódios anteriores da guerra comercial, uma vez que a ausência de diálogo entre EUA e China dificulta a construção de soluções. A expectativa dos mercados é de que algum tipo de acordo parcial ocorra, mas a imprevisibilidade política é um fator preocupante.

Mudança de dinâmica

Para Laura, desde o primeiro mandato de Donald Trump, vimos uma mudança nas dinâmicas comerciais, com a China mais preparada e menos dependente das exportações para os EUA. O setor de serviços também cresceu internamente, reduzindo a exposição chinesa às pressões externas. Esse fortalecimento interno confere aos chineses uma posição mais confortável para resistir às novas tarifas sem grandes concessões.

O mercado aposta em alguma desescalada, mas com riscos: a falta de comunicação ativa entre os governos gera receios de rupturas mais sérias. Por outro lado, Brendan Ahern assinala que a influência do empresariado americano nas decisões de Trump pode suavizar as tarifas para setores como eletrônicos e varejo.

Outro efeito colateral da guerra comercial foi a aceleração da independência tecnológica da China, com investimentos em semicondutores, veículos elétricos e inteligência artificial. Brendan avalia que a tentativa dos EUA de conter a tecnologia chinesa pode ter o efeito contrário, fortalecendo ainda mais a inovação no país asiático.

Taiwan e estabilidade regional

Em um contexto em que a volatilidade deve continuar, Niraj Patel destaca que a diversificação internacional é fundamental. Há consenso de que os mercados americanos irão se ajustar gradualmente ao novo cenário, enquanto outros mercados — como Europa e Japão — podem ganhar maior relevância nos portfólios. O cenário para renda fixa americana dependerá da intensidade da desaceleração econômica. Apesar das preocupações fiscais nos EUA, o dólar ainda mantém sua posição como principal moeda de reserva global e é cedo para afirmar uma mudança nesse sentido.

A evolução do cenário dependerá do pragmatismo dos líderes globais, mas os especialistas concordam que o ambiente de volatilidade e incerteza veio para ficar no curto e médio prazo.

Perspectivas para os investimentos e o dólar

Em um contexto em que a volatilidade deve continuar, Niraj Patel destaca que a diversificação internacional é fundamental. Há consenso de que os mercados americanos irão se ajustar gradualmente ao novo cenário, enquanto outros mercados — como Europa e Japão — podem ganhar maior relevância nos portfólios. O cenário para renda fixa americana dependerá da intensidade da desaceleração econômica. Apesar das preocupações fiscais nos EUA, o dólar ainda mantém sua posição como principal moeda de reserva global e é cedo para afirmar uma mudança nesse sentido.

A evolução do cenário dependerá do pragmatismo dos líderes globais, mas os especialistas concordam que o ambiente de volatilidade e incerteza veio para ficar no curto e médio prazo.

Takeaways

  • A guerra comercial entre EUA e China se intensificou, elevando tarifas a níveis que praticamente inviabilizam o comércio bilateral e aumentando os riscos de desaceleração econômica global.
  • A China hoje está mais preparada e menos vulnerável que em 2018, o que lhe permite resistir melhor às pressões comerciais e investir fortemente em inovação tecnológica.
  • A ausência de diálogo direto entre EUA e China gera incertezas adicionais, e o mercado aposta em algum acordo parcial, mas reconhece o alto risco de ruptura se as negociações falharem.
  • O ambiente de volatilidade reforça a importância da diversificação internacional nos investimentos.
  • Apesar das tensões, o dólar continua sólido como moeda de reserva global, e o foco imediato dos mercados é monitorar sinais de alívio ou agravamento nas negociações comerciais.