Fed inicia ciclo de cortes com queda de 0,5 ponto percentual

No Radar do Mercado: banco central americano reduziu a taxa de juros para o intervalo de 4,75% a 5,0%; projeções atualizadas indicam nível mais baixo para 2024, 2025 e 2026

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês) reduziu a taxa de juros americana em 0,5 ponto percentual, para o intervalo de 4,75% a 5,0%, interrompendo uma sequência de oito reuniões em que a taxa foi mantida. O corte foi mais profundo do que o projetado pelo consenso dos economistas, que esperavam 0,25 p.p., mas alinhado à precificação do mercado. A decisão não foi unânime, com um dos membros do comitê votando por uma redução menor. Os outros 11 membros votaram pela redução de 0,5 p.p.

O documento divulgado após a reunião indicou que, desde a última reunião, a confiança do comitê de que a inflação americana caminha de maneira sustentável em direção à meta de 2% ao ano aumentou. Além disso, o comunicado menciona que os membros consideraram que os riscos envolvendo o mandato de máximo emprego e convergência da inflação à meta estão equilibrados.

Projeções do comitê: revisão para baixo nos juros

A reunião também trouxe atualizações das projeções do comitê para as principais variáveis econômicas dos EUA. As autoridades revisaram para baixo as expectativas da taxa de juros para 2024, 2025 e 2026, indicando mais cortes adiante do que o projetado na reunião de junho. A projeção para a taxa de juros para o final de 2024, por exemplo, indica uma redução de mais 0,5 ponto percentual ainda este ano, além de mais 1 p.p. ao longo de 2025.

O comitê também revisou ligeiramente para baixo a previsão para o PIB de 2024, para 2%, e manteve as projeções para 2025 e 2026 (2% ao ano nesse horizonte). Além disso, os membros elevaram a projeção da taxa de desemprego de 2024, 2025 e 2026, voltando à tendência de longo prazo em 2027.

Sobre a inflação, houve uma revisão para baixo nas projeções do PCE e do núcleo (que desconsidera itens mais voláteis, como alimentos e energia) para 2024 e 2025. A expectativa, no entanto, segue sendo que tanto o núcleo quanto o indicador “cheio” voltem para o nível de 2% apenas em 2026.

Powell: nossa abordagem rendeu dividendos

Na conferência após a reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, justificou a decisão citando que os dados do segundo trimestre mostram que a economia cresce de forma sólida e defendeu o ritmo adotado pelo comitê até aqui.

Apesar de a decisão não ter sido unânime, Powell destacou que agora todos os membros projetam múltiplos cortes nos juros para este ano. No entanto, afirmou que a decisão será tomada reunião a reunião e que as projeções não são um plano ou uma decisão antecipada, sem se comprometer com o ritmo de cortes adiante. Também disse que estão preparados para acelerar, desacelerar ou até pausar o ciclo de cortes, se julgarem necessário.

Por fim, o presidente do Fed destacou que o mercado de trabalho desacelerou, mas que considera que o nível está bem próximo do máximo emprego. Powell disse acreditar que a decisão de hoje irá ajudar o mercado de trabalho, ressaltando que essa também é uma preocupação dos membros do comitê.

Nossa visão para os mercados

Os mercados de ações tiveram uma reação moderada à decisão, já que a probabilidade de um corte de 0,5 ponto percentual já estava precificada. Agora, o foco estará nos dados econômicos, nos resultados do terceiro trimestre e nas eleições nos EUA.

Embora as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA estivessem caindo após a decisão, a maioria dos ganhos foi revertida (e, em alguns casos, mais que compensada) após as falas de Powell, sinalizando que o Fed não está com pressa para cortar os juros (apenas quer sustentar o crescimento econômico saudável e o mercado de trabalho).

A curva de juros abriu, com os títulos mais longos apresentando desempenho inferior, à medida que os investidores realizavam lucros e reduziam o risco, dada a falta de um catalisador claro. Esse comportamento nas taxas também pode ser explicado pelo mercado futuro, que ajustou ligeiramente para cima os juros ao final de 2026 após a conferência de Powell (em cerca de 0,1 p.p., ou próximo de metade de um movimento de 0,25 p.p).

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