Fica no ponto. Fica investido.
TenisVesting: tanto nas quadras quanto no mercado manter-se resiliente a estratégia e atento a adaptações necessárias ganha o jogo
Por Andrea Masagão Moufarrege, Team Leader - Investment Funds Specialists
🎾 Quantas trocas de bola você acha que em média duram os pontos em jogos de tênis?
De acordo com o site Brain Game Tennis, rallies de 0 a 4 trocas são os mais comuns, ocorrendo 70% no masculino e 66% no feminino. Trocas de 5–8 bolas ocorrem cerca de 20% das vezes, e mais que 9 bolas são trocadas em apenas 10% dos pontos. Em jogos amadores, onde os erros não forçados são mais frequentes, as trocas tendem a ser ainda mais curtas em média. O grande aprendizado dessa estatística é o quanto é importante ficar no ponto para ganhar mais jogos.
O jogo mais legal que ganhei esse ano foi uma de final de interclubes na categoria 2F1 onde houve muitas, mas muitas trocas de bola. Tive a sorte de contar com o coaching da Eugenia Maia, que foi decisiva na vitória me lembrando dessa estatística da importância das 4 primeiras bolas.
A decisão ocorreu no match tie breaker. Joguei contra uma grande devolvedora, de quem eu já tinha perdido anteriormente. Tentei várias estratégias, mas a única que funcionou foi ficar no ponto, sempre na cruzada com bolas fundas, e devolver quantas bolas fossem necessárias, sem errar. Nos pontos decisivos, trocamos mais de 90 bolas. A cada troca senti o ponto custando mais caro fisicamente. Manter o foco durante todo o tempo foi o maior desafio.
Valeu a pena!
📈 E para entender se nos investimentos a resiliência e aderência a estratégia também compensam, conversei com o Leo Vasques, gestor de estratégias indexadas na Itaú Asset e um dos caras que mais conhece sobre índices no mercado brasileiro.
Olhando os dados dos últimos 36 meses concluímos que o grande adversário de qualquer investimento no Brasil foi invariavelmente o CDI. No período mais recente, em que grande parte dos investidores estão perdendo o jogo para o CDI, a impressão é que este é um adversário imbatível.
Nessas horas, muitos investidores perdem a confiança em sua alocação estratégica e fazem alterações drásticas em suas carteiras, usualmente vendendo o que ficou para trás e comprando o que teve melhor performance no período.
Mas compensa ficar alterando taticamente o portfólio ao invés de privilegiar uma alocação estrutural de longo prazo?
Vamos olhar os dados:
A tabela acima mostra os retornos acumulados de diferentes índices brasileiros: de “hedge funds”/fundos multimercado (IHFA), de juros Reais (IMA-B5, IMA-B e IMA-B5+), de juros nominais (IRFM) e de ações (Ibovespa) em janelas de 12, 24 e 36 meses. O que fica claro na maioria deles é que a persistência na estratégia investimento aumenta as chances de superar o CDI. O Ibovespa parece ser uma exceção a essa regra, mas um olhar mais cuidadoso mostra que o retorno acumulado de 618,4% do Ibovespa em todo período estudado cairia para apenas 192% se fossem excluídos os 10 dias de maior alta no período. Esses dias de maiores altas ocorreram, invariavelmente, próximos a dias de grandes quedas, o que certamente levou muitos investidores a venderem suas posições nos piores momentos.
Isso significa que não se deve rebalancear o portfólio periodicamente?
NÃO, significa apenas que a maioria dos investimentos com bons fundamentos requerem insistência e resiliência para maturar e acumular bons resultados.
🎾 📈 Assim como nas quadras é essencial manter-se resiliente mas aberto a adaptar constantemente a estratégia dependendo do estilo do adversário, nos investimentos é importante manter-se investido e rebalancear sempre os portfólios quando há alterações claras de cenário.
🎾 Foi exatamente assim que a Coco Gauf jogou, com muita resiliência, e venceu a final do US Open 2023. Entendeu o jogo, fez de tudo para ficar no ponto, apesar dos golpes potentes da Aryna Sabalenka, e venceu seu primeiro Grand Slam aos 19 anos.
📈 Foi exatamente assim que John Bogle revolucionou a indústria de fundos, reforçando a importância de manter uma perspectiva de longo prazo aderente a estratégia com ajustes pontuais de posição para evitar custos de transação e tentativas de acertar os movimentos menores de mercado, cunhando o termo amplamente usado “Stay Invested”.
Dicas:
📈 Stay the Course: The Story of Vanguard and the Index Revolution, John Bogle