Focus: na semana do Copom, mercado atualiza projeções para IPCA, PIB e câmbio

No Radar do Mercado: Banco Central divulga nova edição do Relatório Focus com revisões nas projeções de IPCA, PIB e câmbio. Além disso, Itaú BBA divulga suas expectativas para reunião do Copom desta semana e EUA e União Europeia chegam a acordo sobre as tarifas comerciais

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura
tabela com os principais indicadores do boletim focus

Às vésperas de mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central divulgou nesta segunda feira, 28, mais uma edição do Relatório Focus com mudanças nas projeções para o PIB de 2026, queda na expectativa da inflação em 2025 e 2026 e recuo para o câmbio de 2025.

A mediana das projeções para o IPCA de 2025 oscilou de 5,10% para 5,09%, seguindo bem acima do teto do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual ao redor da meta de 3,0% ao ano definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2026, a estimativa oscilou de 4,45% para 4,44%, se mantendo dentro do intervalo de tolerância. Enquanto isso, a previsão para 2027 seguiu em 4,00% e a expectativa para a inflação de 12 meses à frente recuou de 4,49% para 4,44%.

Na parte do PIB, o relatório do Banco Central apresentou uma leve oscilação de 1,88% para 1,89% na expectativa para o ano que vem, revertendo o movimento da semana passada, enquanto as projeções para 2025 e 2027 se mantiveram estáveis em 2,23% e 2,00%, respectivamente.

Em relação ao câmbio, tanto as estimativas para 2026 quanto para 2027 se mantiveram em R$/US$ 5,70. Mas a estimativa para 2025 recuou de R$/US$ 5,65 para R$/US$ 5,60.

Por fim, as expectativas para a taxa Selic em 2025 ficaram estáveis, com manutenção em 15,00% a.a. até o final deste ano, recuo para 12,50% a.a. em 2026 e para 10,50% a.a. em 2027.

EUA e União Europeia chegam a acordo comercial parcial

O presidente dos EUA, Donald Trump, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciaram neste domingo, 27, que EUA e União Europeia chegaram a um acordo comercial que reduz as tarifas impostas sobre os produtos europeus importados pelos americanos de 30% para 15%, incluindo automóveis. Em contrapartida, a UE se comprometeu com compras no valor de US$ 750 bilhões em equipamentos e energia dos EUA, além de investimentos de US$ 600 bilhões nos EUA e compras – sem um valor ou prazo definido - de equipamentos militares americanos.

O acordo, porém, deixou de fora itens como aço e o alumínio, que seguem com sobretaxa de 50%. O setor de vinhos e bebidas alcoólicas também ficou de fora do acordo e as discussões sobre uma eventual isenção tarifária para esses produtos continuam. Por outro lado, ficou estabelecido que produtos estratégicos, como aeronaves e peças, determinados produtos químicos, medicamentos genéricos, recursos naturais e matérias-primas essenciais terão tarifas zeradas de ambos os lados.

Já sobre itens como semicondutores e produtos farmacêuticos, não está claro se as tarifas de 15% se aplicarão. Trump indicou que não, mas a União Europeia parece acreditar que sim. Excluindo esses dois produtos e considerando uma tarifa de 15% sobre os demais, esse acordo elevaria a tarifa média sobre as importações americanas para 17,6%, saindo de quase 23% antes do acordo do Japão.

Em termos relativos, a tarifa da União Europeia (15%) ficou acima da do Reino Unido (10%), que obteve uma vantagem por ser o primeiro a negociar com os EUA, igual a do Japão (15%), mas com maiores contrapartidas, e bem abaixo da aplicada sobre a China (30%). No entanto, China e EUA devem se reunir nesta segunda-feira, 28, para mais uma rodada de negociações, sendo que os EUA já suspenderam as restrições à exportação de tecnologia para a China, como tentativa de fortalecer o acordo comercial entre as partes, e fontes indicam que os países devem concordar em uma nova extensão de 90 dias.

O que esperar do Copom?

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir na próxima terça-feira, 29, e quarta-feira, 30, e deve optar, por unanimidade, pela manutenção da taxa Selic em 15,0% ao ano, encerrando o ciclo de aperto monetária iniciado em setembro de 2024. Essa é a principal conclusão do relatório “Cockpit do Copom” produzido pela equipe de economia do Itaú BBA.

A decisão deve refletir a avaliação de que, apesar das projeções de inflação acima da meta, os efeitos defasados da política monetária seguem em curso, enquanto a elevada incerteza global demanda cautela. Os membros do Comitê devem destacar ainda a nova escalada tarifária, que desta vez envolve diretamente o Brasil, cujas exportações podem ser impactadas pela maior tarifa anunciada até o momento, de 50%, já a partir de 1º de agosto.

A expectativa do Itaú BBA segue sendo de início de cortes apenas no 1º trimestre de 2026, mas os riscos levantados parecem pesar mais na direção de cortes de juros antecipados do que o contrário.

Confira o relatório na íntegra.

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