Fundos multimercado: a visão dos gestores da Itaú Asset
Durante o Itaú Asset Day, reunimos um grupo de gestores da Itaú Asset em uma conversa moderada por Fernando Cavallete, Head de Portfolio Specialist
Por Itaú Private Bank
Aconteceu na segunda-feira, 17/04, o Itaú Asset Day, em São Paulo, que trouxe as perspectivas dos gestores da Itaú Asset. O painel multimercado foi moderado por Fernando Cavallete, Head de Portfolio Specialist, e contou com a participação de Márcio Uejima, Bruno Bak, Bruno Savaris e Ricardo Marin, que fazem parte do modelo multimesas da Itaú Asset.
Esse modelo conta com mais de 130 gestores, divididos em 15 mesas. Cada uma tem 100% de autonomia para montar seus portfólios em busca de retornos em diferentes tipos de mercado. Para o investidor, a grande vantagem é o acesso a um produto que combina múltiplas equipes de gestão, que atuam de forma independente e descorrelacionada, deixando de lado a dependência da performance de um único gestor ou time.
Entenda, a seguir, a visão de cada gestor para algumas perguntas feitas por Cavallete.
A visão e o posicionamento dos gestores
Quando o BC pode começar a cortar juros? Novo arcabouço fiscal e apreciação do Real ajudam?
Márcio Uejima, gestor dos fundos da estratégia Optimus:
- Otimista com inflação de curto prazo, que deve dar conforto para corte de juros em junho e agosto.
- As leituras do IGP-M já dão sinais de queda e isso deve se refletir no IPCA em breve.
- Atividade continuará fraca com o crédito restrito.
- Nos modelos-base, o dólar está a R$ 5,3. Se cair para R$ 4,9, inflação cai nos modelos de 30 a 40 pontos-base em relação ao esperado hoje.
- Arcabouço tem sido visto como positivo, mas o mais importante foi a queda da incerteza. Se o déficit zero for atingido, o risco de cauda é positivo. O risco fiscal ainda pesa nas expectativas, mas esperamos que isso melhore para o BC iniciar o corte mais cedo.
Qual o impacto do corte de juros na bolsa brasileira? E a Bolsa nos EUA?
Bruno Savaris, gestor das estratégias Hunter:
- Mercado em pêndulo: preocupação com crescimento e com inflação. Os IGPs mais calmos mostram mercado mais equilibrado, a oferta estabilizando e a demanda arrefecendo. A inflação vem acompanhada de crescimento econômico mais baixo.
- Juros mais baixos são bons para bolsa, mas não é a única condição. É preciso analisar se o Brasil vai estar melhor no longo prazo. O consenso parece otimista.
- Visão mais negativa do arcabouço fiscal. O micro impacta negativamente setores importantes na bolsa.
- Para a bolsa andar, as coisas precisam dar certo (e rápido) por conta do custo de oportunidade. No Hunter, o time tem cabeça estrutural com posicionamento de curto prazo em oportunidades assimétricas.
- Nos EUA, mercado de juros indica recessão, mas a bolsa ainda não mostra isso.
- A assimetria é ruim em bolsa americana. Setor de tecnologia performa descorrelacionada com ciclo econômico, o que não é saudável. Os preços de commodities vem caindo, mas a parte cíclica da bolsa não mostra isso. Vem retorno potencial negativo de 20% para S&P. Vem mais oportunidade em valor relativo.
Perspectivas para os juros nos EUA
Ricardo Marin, gestor das estratégias Hedge Plus e Macro Opportunities:
- Os juros americanos estão mudando muito rápido. Há uma conjunção de fatores que não ocorre há muito tempo: inflação mais alta em 30 anos, estímulo fiscal que não acontecia desde o pós-guerra, autoridades econômicas guiando o mercado a acreditar que não haveria juros altos. Tudo isso gera grandes dificuldades de modelagem.
- Esse ano é mais difícil de prever. A inflação nos EUA surpreendeu, houve revisão de série. A discussão era se o juro real de equilíbrio estaria mais próximo a 1,5% em uma terça-feira. Na quinta-feira da mesma semana, o Silicon Valley Bank (SVB) quebrou. O mercado estava posicionado para altas de juros, e com a quebra do SVB muita gente foi surpreendida.
- O mercado estancou o problema nos bancos que quebraram. O choque em bancos pequenos não deve impactar crescimento econômico, mas deve apertar o crédito.
Cenário fiscal dos principais países na América Latina
Bruno Bak, gestor das estratégias Artax:
- O ciclo econômico dos países na América Latina é bem correlacionado, sincronizado. O foco do time é em Brasil, Chile e México.
- As curvas de juros precificam cortes nos três países.
- O time compara os três mercados e gosta de aplicar juros nesse cenário no Chile e no México e menos no Brasil.
- O problema no Brasil é que a curva já precifica corte, mas há muita incerteza. Há um risco importante: apesar da queda da inflação corrente, as expectativas não cedem.
- A preocupação maior é na questão cíclica fiscal no Brasil. Inflação alta, desemprego baixo e juros altos indicam a importância de não aumentar gasto fiscal.
- Há mais risco no Brasil do que nos outros países.
A seguir, assista ao painel na íntegra: