Geopolítica em foco: Israel, Irã e os impactos na economia global
Market Update: confira os destaques da conversa com Jacob Funk Kirkegaard, Senior Fellow do Bruegel and the Peterson Institute, 22V
Por Itaú Private Bank
A edição de junho da live Market Update, realizada na última quinta (26), teve como foco os desdobramentos do recente confronto entre Israel e Irã e seus impactos sobre os mercados. A discussão contou com a participação de Jacob Funk Kirkegaard, Senior Fellow do Bruegel and the Peterson Institute, 22V, e Niraj Patel, Chief Equities Strategist do Banco Itaú International. A moderação foi de Marcelo Aagesen, Head of Global Markets and Strategy do Banco Itaú International.
Confira a seguir os destaques da conversa:
Um cessar-fogo instável em um cenário ainda volátil
Segundo Jacob Kierkegaard, apesar da trégua em vigor, o cessar-fogo está longe de ser definitivo. Jacob ressalta que Israel conduziu ataques altamente precisos que teriam danificado significativamente três das principais instalações nucleares iranianas.
Ainda assim, estima-se que o Irã possua grande quantidade de urânio enriquecido em locais desconhecidos – um nível próximo ao necessário para uso militar. Isso indica que, embora o programa tenha sido enfraquecido, ele não foi desmantelado.
Com base nesse cenário, Jacob argumenta que Israel continuará disposto a agir, caso tenha acesso a nova inteligência sobre o avanço nuclear iraniano. O risco de novas ofensivas não está descartado, especialmente porque o custo militar e político para Israel tem se mostrado relativamente baixo, dada sua superioridade tecnológica e operacional.
A vantagem militar israelense
A resposta de Israel à ameaça iraniana marcou um ponto de inflexão no equilíbrio de forças na região. Com apoio logístico dos Estados Unidos, Israel conseguiu interceptar até 90% dos mísseis lançados pelo Irã e desferiu ataques cirúrgicos contra alvos estratégicos com elevada precisão.
Jacob comenta que o nível de inteligência demonstrado por Israel durante o conflito foi impressionante: o país localizou e atacou com sucesso instalações militares e figuras-chave da estrutura de comando iraniana.
Em sua avaliação, Israel sinalizou que está mais disposto a agir preventivamente e que não conta com organismos internacionais como a única via para conter o avanço nuclear do Irã.
Além disso, a perda de influência de grupos aliados do Irã, como Hezbollah e os Houthis, reduz a capacidade de retaliação do regime iraniano, ampliando a margem de manobra de Israel.
Reação moderada dos mercados e lições de crises anteriores
Do ponto de vista do mercado, a reação foi relativamente contida. Niraj Patel observou que, mesmo com a gravidade do conflito, os ativos de risco apresentaram quedas pontuais e rápidas recuperações. Isso reflete, segundo ele, um amadurecimento dos investidores em relação a choques geopolíticos.
A economia americana, por exemplo, permanece sólida, e isso ajuda a conter reações exageradas a crises externas. Niraj lembrou que essa dinâmica se repete em diversos episódios históricos: guerras, atentados ou conflitos costumam provocar ruídos de curto prazo, mas não sustentam tendência de aversão ao risco, se o pano de fundo econômico for saudável.
Proteção e posição de portfólios
Em meio à incerteza, a recomendação aponta para a segurança: proteção e diversificação são indispensáveis. Niraj destacou o papel de ativos como ouro, títulos do Tesouro americano e moedas fora do dólar como alternativas para equilibrar o portfólio em momentos de tensão.
Além disso, estratégias com produtos estruturados podem ser ferramentas eficazes para aproveitar oportunidades de assimetria de risco – especialmente em ambientes de volatilidade localizada.
Para Niraj, investidores que mantêm uma carteira diversificada e bem calibrada conseguem navegar por cenários turbulentos com mais tranquilidade e resiliência.
Takeaways
- Cessar-fogo entre Israel e Irã é instável e pode ser rompido caso o Irã retome seu programa nuclear.
- Israel demonstrou clara superioridade militar, com alta eficiência em interceptações e precisão cirúrgica nos ataques.
- A possibilidade de o Irã manter urânio enriquecido em locais ocultos agrava a ameaça potencial.
- Os mercados reagiram de maneira branda, focando mais nos fundamentos econômicos do que na crise geopolítica.
- O regime iraniano está enfraquecido e isolado, com menos apoio regional e pressões financeiras crescentes.
- Diversificação segue essencial, com destaque para ouro, renda fixa e estratégias táticas para mitigar riscos e capturar oportunidades.