Indicadores de inflação sobem além do esperado no Brasil e nos EUA
No Radar do Mercado: o IPCA-15 subiu 0,76%, acelerando na comparação com a leitura do mês anterior; nos EUA, a inflação medida pelo núcleo do PCE subiu 0,6% em janeiro
Por Itaú Private Bank
O IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que registrou uma alta de 0,76% em fevereiro, acima do resultado anterior (0,55%) e das expectativas do mercado (0,72%). Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumulou alta de 5,63%, abaixo dos 5,87% observados no período imediatamente anterior.
A alta foi observada em oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, a exceção foi Vestuário. Já a maior variação e o maior impacto no mês vieram de Educação, por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo em cursos regulares, seguido por Habitação, Alimentação e Bebidas.
O IPCA-EX3, núcleo que reúne componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico, seguiu em desaceleração em relação ao indicador de janeiro. Já o índice de difusão, que mede o percentual de itens com aumento dos preços, permaneceu no mesmo patamar registrado no mês anterior (67%).
Nossa visão é que a leitura veio relativamente próxima do esperado -- apesar do índice ter vindo acima das expectativas, a composição foi mais favorável. Assim, o resultado de hoje não indica viés para o IPCA fechado de fevereiro ou para o ano de 2023. A dinâmica da inflação subjacente segue indicando melhora na margem, mesmo com inflação de serviços revertendo parte da tendência recente de baixa, mas em linha com a nossa expectativa. Projetamos 6,3% para o IPCA em 2023 e 4,2% em 2024.
Núcleo do PCE vem acima das expectativas nos EUA
O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,6% janeiro, acima das expectativas do mercado (0,4%). O indicador, que exclui as pressões de energia e alimentos, veio acima do resultado anterior, que foi revisado para cima (0,4%).
Na comparação anual, houve uma aceleração de 4,6% em dezembro (número também revisado hoje) para 4,7%, acima das projeções. Vale lembrar que esse indicador é uma das referências usadas pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) em suas decisões de política monetária.
Para o indicador “cheio” do PCE, ou seja, que inclui os itens mais voláteis, houve alta de 0,6% na base mensal, acima da leitura de dezembro, que também foi revisada para cima, e das projeções, que já eram de uma aceleração. Na comparação anual, a aceleração foi de 5,3% para 5,4%, também acima do esperado.
O gasto nominal dos consumidores acelerou em janeiro, mas um pouco abaixo das projeções. Já o gasto real (ajustado pela inflação) saiu do patamar negativo registrado em dezembro e veio acima do esperado.
De maneira geral, a leitura veio acima das expectativas do mercado e surpreendeu pelas revisões de alta nos dados de dezembro, apontando uma inflação persistente no país. O resultado reforça o recente movimento do mercado, elevando as expectativas por uma taxa de juros terminal mais alta, além de sua manutenção em patamar elevado por mais tempo.