Inflação dos EUA sobe acima do esperado
No radar do mercado: o CPI dos Estados Unidos registrou alta em agosto, acelerando na comparação com o resultado de julho. No Brasil, o volume de serviços cresceu em julho
Por Itaú Private Bank
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos registrou uma alta de 0,1% em agosto, acelerando na comparação com o resultado de julho (0%). A leitura surpreendeu o mercado, que esperava uma leve retração.
Na comparação com mesmo período de 2021, a alta foi de 8,3%, desacelerando frente ao registrado no mês anterior (8,5%), mas ainda superando as expectativas (8,1%). Houve alívio no componente de energia, enquanto os preços de alimentos mantiveram trajetória de alta.
O núcleo do indicador, que exclui itens mais voláteis, como alimentos e energia, também acelerou, avançando 0,6% no mês (vs. 0,3% em julho), mais uma vez superando as expectativas (0,3%). Na base anual, houve aceleração de ritmo de 5,9% para 6,3%, também acima do esperado (6,1%).
A leitura indica que a inflação segue disseminada, com aceleração dos componentes de bens e serviços. Além disso, houve impacto de baixa dos itens relacionados aos desequilíbrios gerados pela pandemia. Portanto, não fosse tal efeito, a leitura seria ainda mais alta.
Os dados reforçam a necessidade de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) seguir com postura dura na alta de juros. Dessa forma, a leitura de hoje deve aumentar as apostas por uma nova alta de 75 pontos-base na reunião de setembro, além de elevar as expectativas para a taxa ao fim do ciclo de aperto.
No Brasil, volume de serviços cresce 1,1%
O IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que apontou uma alta mensal de 1,1% no setor em julho, acima das expectativas (0,6%). Na comparação anual, o setor assinalou a 17ª taxa positiva consecutiva ao avançar 6,3%. Com o resultado de hoje, os serviços estão 8,9% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
Três das cinco atividades investigadas tiveram crescimento na margem, com destaque para “transportes”, que registrou o principal avanço, e “serviços prestados às famílias”, que teve o quinto aumento seguido. No sentido oposto, “serviços profissionais, administrativos e complementares” e “outros serviços” exerceram as influências negativas.
Apesar da leitura forte, é provável que o setor de serviços desacelere no segundo semestre, com a diminuição da renda disponível, uma desaceleração de outros setores e um efeito cada vez menor da reabertura da economia (que afeta especialmente os serviços prestados às famílias).
O nosso indicador diário de atividade econômica (IDAT) aponta para uma queda dos “serviços oferecidos às famílias” em agosto. Já o nosso tracking para o PIB do terceiro trimestre permaneceu em +0,2% m/m (+3,0% a/a).