IPCA de maio indica que trajetória de desinflação continua
Surpresa no indicador foi concentrada em itens mais voláteis, como alimentos e gasolina; na China, a inflação segue rodando em patamares baixos
Por Itaú Private Bank
O grande destaque da semana na agenda dos investidores foi a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) de maio, que apontou uma desaceleração na inflação tanto na comparação mensal quanto na anual.
O indicador veio melhor do que o esperado, com surpresa em itens mais voláteis, como alimentos, com variação nula no mês, e gasolina, com deflação um pouco mais intensa.
Confira os destaques da semana:
IPCA desacelera e vem abaixo do esperado em maio
O IPCA subiu 0,23% em maio, abaixo da expectativa do mercado (0,33%) e desacelerando na comparação com abril (0,61%). O acumulado em 12 meses recuou para 3,94%, abaixo dos 4,18% registrados no período imediatamente anterior. A leitura veio melhor do que o esperado, com a surpresa concentrada em itens mais voláteis, como alimentos e gasolina.
Temos observado uma desinflação de comercializáveis, que deve continuar sendo ajudada pela queda nos preços de commodities e pela valorização do real. A dinâmica de serviços, embora agora mais benigna, deve seguir em lenta trajetória de desinflação devido à resiliência do mercado de trabalho.
Focus: sobe a projeção para o PIB de 2023
O Relatório Focus divulgado semanalmente pelo Banco Central apontou uma expectativa mais alta de crescimento do PIB para 2023, após o resultado acima do esperado para o primeiro trimestre. A mediana das expectativas dos participantes do mercado teve uma forte alta para 2023 (agora, em 1,68%). Vale destacar que revisaremos para cima nossa projeção de crescimento econômico para este ano (atualmente em 1,4%). Com relação à inflação, houve recuo nas projeções para 2023 (5,69%) e 2024 (para 4,12%).
BCs da Austrália e do Canadá elevam juros e surpreendem o mercado
O Banco Central da Austrália (RBA, na sigla em inglês) elevou sua taxa de juros em 25 pontos-base, para 4,1% ao ano. A alta surpreendeu o mercado, que esperava manutenção do patamar anterior (em 3,85%). O Banco Central do Canadá (BoC, na sigla em inglês) também voltou a elevar sua taxa de juros, que passou de 4,50% para 4,75% ao ano, após duas reuniões sem alterações, enquanto a expectativa era de estabilidade.
Vendas no varejo ficam estáveis na zona do euro
As vendas no varejo da zona do euro ficaram estáveis em abril, um resultado mais fraco do que o esperado pelo mercado. No entanto, houve uma revisão expressiva da leitura do mês anterior, de -1,2% para -0,4%. Na comparação anual, a queda foi de 2,6%, menos acentuada do que o projetado e do resultado anterior. Já os dados referentes ao setor industrial seguem apresentando desaceleração mais expressiva, especialmente na Alemanha.
Inflação segue controlada na China
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) da China registrou alta de 0,2% em maio na comparação anual, em linha com a expectativa. O núcleo, que exclui itens mais voláteis, como alimentos e energia, avançou 0,6%. Ambos os resultados ficaram praticamente estáveis na comparação com a leitura anterior.
Já o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) recuou 4,6% na base anual, uma deflação mais intensa do que a projetada e registrada em abril, refletindo a tendência de queda nos preços das commodities. Em suma, a inflação baixa aumenta a expectativa do mercado por corte nos juros ou outras medidas de estímulo.
Destaques da próxima semana
No Brasil, os destaques serão os dados de vendas no varejo de abril na quarta-feira e do setor de serviços na quinta. Na política, o mercado acompanhará de perto a tramitação da nova proposta de arcabouço fiscal no Senado e o andar da reforma tributária na Câmara. Nos EUA, o Federal Reserve realiza mais uma reunião de política monetária na quarta, um dia depois da divulgação da inflação de maio. Na Europa, também haverá decisão de juros pelo ECB na quinta-feira.