IPCA encerra sequência de deflação; CPI mantém ritmo de alta
No Radar do Mercado: o IPCA de outubro veio acima do esperado pelo mercado; já o CPI americano registrou alta abaixo das expectativas
Por Itaú Private Bank
O IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 0,59% em outubro, acima das expectativas do mercado (0,49%). Com isso, o indicador encerra a sequência de três meses de deflação e volta a subir em função da diminuição do impacto das medidas tributárias e da maior pressão sobre os preços dos alimentos. Em 12 meses, a inflação acumulada desacelerou de 7,17% para 6,47%.
A principal surpresa de alta veio nos preços administrados, tanto na energia elétrica residencial (não houve deflação, ao contrário do esperado), quanto na gasolina (com uma deflação menor do que o esperado).
Na análise grupos de produtos e serviços, oito dos nove pesquisados tiveram alta no mês. A maior contribuição veio de Alimentação e Bebidas, que havia recuado em setembro. Na sequência, estão os grupos Saúde e cuidados pessoais e Transportes. Juntos, estes três correspondem por cerca de 73% do IPCA de outubro. Vestuário registrou a maior alta.
Apesar da surpresa altista, concentrada em preços administrados, a composição dos dados segue benigna, com IPCA-EX3, núcleo que reúne componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico, desacelerando em relação aos picos recentes. Projetamos o IPCA de 2022 em 5,5%, com viés de alta em função da pressão dos preços no atacado de alguns alimentos in natura e do recente aumento dos preços dos combustíveis na bomba.
Inflação dos EUA mantém ritmo de alta em outubro
Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% em outubro, mantendo o ritmo do mês anterior. A leitura veio abaixo do esperado pelo mercado (0,6%).
Na comparação com mesmo período de 2021, a alta foi de 7,7%, desacelerando frente ao registrado no mês anterior (8,2%) e ligeiramente abaixo das expectativas. O componente de energia registrou alta, com a elevação dos preços de gasolina e eletricidade, apesar da queda do gás natural. Alimentos seguem em alta, mas desaceleraram na comparação com setembro.
O núcleo do indicador, que exclui itens mais voláteis, como alimentos e energia, desacelerou de 0,6% para 0,3%. Na base anual, também houve uma desaceleração de 6,6% para 6,3%. Ambos os resultados ficaram abaixo das expectativas do mercado.
Em sua última reunião, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) indicou disposição em desacelerar o ritmo de alta dos juros, caso permitido pela evolução dos dados econômicos. Dessa forma, a leitura de hoje, ainda que bem acima da meta de 2%, deve aumentar as apostas por uma alta de 50 pontos-base pelo Fed na próxima reunião, em dezembro.