MacroVision: os destaques de macroeconomia e política

Veja os principais pontos sobre macroeconomia e política que foram abordados durante o evento, que aconteceu em São Paulo

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Itaú Private Bank

No começo de dezembro, aconteceu em São Paulo a 13ª edição do eventoMacroVision, promovido pelo Itaú BBA e que contou ainda com transmissão ao vivo. Ao todo, aconteceram 14 painéis, distribuídos em duas trilhas de conteúdos, que reuniram grandes líderes da economia em debates sobre assuntos estratégicos e que irão impactar o mercado em 2023.

Abaixo, veja um resumo dos painéis sobre macroeconomia e política.

O cenário para a economia global

  • Política monetária: o momento é de avanço da inflação, e os bancos centrais precisam desacelerar a atividade econômica para contê-la. A guerra entre Rússia e Ucrânia é fundamental para a política monetária porque é prejudicial ao crescimento e pressiona os preços da energia.
  • China: saída atrapalhada da política de Covid zero. Projeção de consenso de crescimento de 4,5% parece exagerada. A reabertura não necessariamente impacta as commodities porque os estoques estão elevados e a economia vai mal. Ainda assim, seus preços se equilibraram em nível alto, o que é bom para o Brasil e para o real.
  • Implicações de investimento: sustentabilidade das dívidas pode se tornar uma preocupação diante do crescimento dos níveis de endividamento. Juros precisam diminuir para que isso não seja um problema. Os gestores de carteiras têm que pensar em termos de compensações entre crescimento e inflação, não mais em termos de apetite ou aversão a risco.

A opinião dos cientistas políticos sobre o Brasil

  • PEC da Transição: a aprovação no Senado não significa que o Congresso esteja alinhado ao presidente eleito, mas que o assunto interessa a todos. Não necessariamente todo o espaço para gastos aberto será usado em 2023 (autoridades podem deixar espaço para 2024).
  • Política fiscal: sinais mistos. Pode haver algum fator atenuante para os gastos adicionais, como maior arrecadação e reforma tributária. Por outro lado, a expectativa é de maior ativismo nos bancos públicos e empresas estatais.
  • Reforma tributária: é um tema maduro no Congresso. O primeiro movimento talvez seja um aumento dos impostos sobre a gasolina. Depois, um esforço na direção da reforma do imposto sobre valor agregado. Mas seu sucesso dependerá da prioridade que o governo dará à reforma.

Política monetária

  • Política fiscal vs. monetária: existe um conflito entre elas, e a relação entre o presidente do BCB e o presidente eleito pode ser desafiadora. Se a política fiscal mostrar sinais adicionais de deterioração, os juros precisarão subir.
  • Eficácia da política monetária: as reformas recentes aumentaram a potência da política monetária. O teto de gastos e outras reformas também permitiram a redução do juro neutro. Se a política fiscal for expandida, a monetária se tornará menos eficaz.
  • Regulamentação: é preciso prestar atenção a possíveis mudanças de regulamentação. Pode haver uma alteração na composição do Conselho Monetário Nacional (CMN) e os mandatos de dois diretores do BCB terminam em fevereiro.

A opinião dos gestores

  • Global: alguns enxergam um cenário benigno (fim do aperto do Fed e do dólar forte, reabertura da China, oportunidades para o Brasil), enquanto outros enfatizam a probabilidade de recessão e de inflação resiliente.
  • Política monetária: a barra é alta para subir a Selic porque a taxa já está em território restritivo, mas autoridades vão incorporar o estímulo fiscal no modelo e analisar as expectativas para 2024. A premissa é que o BCB vai adiar os cortes.
  • Câmbio: o real tem sofrido pressão nos últimos anos por causa da desalavancagem da Petrobras, do excesso de posições de hedge, dos recursos deixados no exterior por exportadores e dos brasileiros que investem no exterior.
  • Investidor estrangeiro: a guerra na Ucrânia os trouxe para o Brasil e a tendência se mantém. É um público que investe quando os preços caem, mas isso pode não funcionar. Com possíveis medidas parafiscais e a questionamentos sobre a independência do BCB, a queda nos preços dos ativos pode ser mais profunda.
  • Alocação de ativos: ações costumam ter desempenho inferior em governos populistas, enquanto a renda fixa e o câmbio vão melhor, mas esse mercado pede posições mais táticas e menos estruturais.

O que disseram os governadores estaduais

  • Privatizações: todos falaram sobre o tema. Em Minas Gerais, o governador já tem maioria na Assembleia e pretende avançar. Um dos principais objetivos em São Paulo é a privatização da Sabesp. No Rio Grande do Sul, a da Banrisul está na pauta.
  • Reforma tributária: todos disseram ser a favor. O entendimento é que a reforma pode custar caro para os Estados em princípio, mas que ficarão mais competitivos no médio prazo, com possibilidade de expansão dos investimentos de modo geral.
  • Isenção de ICMS: alguns defendem compensação aos Estados que perderam receita com a redução das alíquotas de ICMS sobre combustíveis e outros itens. Outros disseram que, apesar da perda de receita, podem manter o ICMS mais baixo.

Confira aqui a cobertura completa do Macrovision feita pelo portal Inteligência Financeira.