No radar do mercado: IPCA desacelera para 0,47% em maio, abaixo do esperado

O IPCA de maio subiu 0,47%, abaixo da taxa de abril (1,06%) e das expectativas do mercado (0,60%). Na comparação anual, a alta é de 11,73%

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Getty Images

O IBGE divulgou hoje o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que foi de 0,47%. O resultado ficou abaixo da taxa de abril (1,06%) e das expectativas do mercado (0,60%). Na comparação anual, o IPCA acumula alta de 11,73%, desacelerando frente a leitura anterior, de 12,13%.

Oito dos nove grupos de produtos e serviços tiveram alta. O maior impacto veio de transportes (0,30 p.p. e 1,34% m/m), grupo impulsionado pelos preços das passagens aéreas (18,3% m/m). Na direção oposta, habitação apresentou queda de 1,70% m/m, refletindo a queda nos preços de energia elétrica (-7,95% m/m), com a mudança de bandeira tarifária.

As medidas de núcleo seguem pressionadas. Os industriais subjacentes subiram 1,44% (12,8% na comparação anual, ante 12,1% no mês anterior), enquanto serviços subjacentes registraram 0,75% (8,2% a/a, ante 7,7% de abril). O IPCA-EX3 (núcleo que reúne componentes mais sensíveis ao ciclo econômico) cresceu 1,05% no mês e acumula alta de 10,1% em 12 meses (ante 9,5% do mês anterior). Por fim, o índice de difusão atingiu 72,4% no mês, abaixo dos 78,2% de abril, mas ainda indicando uma pressão inflacionária generalizada.

Há maiores incertezas quanto à trajetória de curto prazo para a inflação. A proposta do governo para os combustíveis pode reduzir o IPCA, mas a defasagem dos preços domésticos de combustíveis em relação à paridade internacional aumenta a pressão por reajustes.

BCE indica aumento de juros em julho

Como esperado pelo mercado, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu encerrar as compras líquidas pelo Programa de Compra de Ativos (APP) a partir de 1 de julho e manteve suas taxas de juros inalteradas. A taxa de refinanciamento permanece em 0%, a de depósitos em -0,50% e a de empréstimo em 0,25%.

O comunicado destacou que as pressões inflacionárias se ampliaram e se intensificaram, e que as projeções indicam que a inflação permanecerá indesejavelmente elevada por algum tempo.

As autoridades destacaram que estão prontas para dar novos passos na normalização da política monetária e reiteraram que manterão a opcionalidade, a dependência de dados, o gradualismo e a flexibilidade.

Diante da avaliação das condições atuais e futuras, o BCE sinalizou que pretende promover um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros na próxima reunião, em julho, e uma nova elevação em setembro, cuja magnitude dependerá dos dados econômicos e das perspectivas para a inflação de médio prazo. O comunicado destaca que, se a perspectiva persistir ou se deteriorar, um incremento maior será apropriado em setembro.

Para além de setembro, o BCE antecipa que será adequada uma trajetória gradual, mas sustentada, de novos aumentos nas taxas de juros, novamente com ritmo dependente dos dados recebidos e da avaliação da inflação no médio prazo.

Mercados (atualizado às 12h)

O Ibovespa opera em leve queda na manhã de hoje, acompanhando o movimento de aversão ao risco nos mercados internacionais, após a China anunciar novas restrições contra a Covid-19 e o Banco Central Europeu sinalizar o início da alta de juros para a próxima reunião.

Na renda fixa, os juros futuros operam em queda ao longo da curva, após a divulgação do IPCA vir abaixo do esperado pelo mercado, enquanto os riscos fiscais com a proposta de redução dos preços dos combustíveis permanecem no radar dos investidores. O dólar tem leve alta, sendo negociado a 4,89 frente ao real.