No radar do mercado: ata do BCE mostra preocupação com inflação
Na ata da última reunião do Banco Central Europeu (BCE), autoridades defenderam a continuação do processo de normalização da política monetária do bloco
Por Itaú Private Bank

O Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata de sua última reunião, quando as autoridades decidiram manter os juros da zona do euro inalterados e reforçaram o plano de encerrar as compras líquidas pelo Programa de Compra de Ativos (APP) no terceiro trimestre.
Segundo o documento, as autoridades expressaram durante a reunião uma preocupação com a pressão inflacionária na zona do euro e as incertezas geradas pelo conflito da Ucrânia. Além disso, defenderam a continuação do processo de normalização da política monetária do bloco.
Alguns membros destacaram ser importante agir sem demora excessiva para demonstrar que o BCE está determinado em alcançar a estabilidade de preços. Caso contrário, as expectativas de inflação continuarão a aumentar.
Mas o BCE reiterou que opcionalidade, flexibilidade e gradualismo continuam sendo fatores importantes na condução da política monetária do bloco, com alguns membros destacando os riscos de um aperto muito agressivo. Além disso, reforçou que qualquer ajuste nas taxas será feito após o fim das compras líquidas pelo APP.
O documento ressalta, ainda, que a decisão de encerrar o APP segue dependendo dos dados econômicos e do compromisso de estabilizar a inflação em torno da meta de 2% no médio prazo.
Conta corrente recua na zona do euro
A zona do euro registrou um recuo em sua conta corrente para 224 bilhões de euros (o equivalente a 1,8% do PIB) no acumulado dos últimos 12 meses, ante 255 bilhões de euros em março (2,1% do PIB), segundo dados do BCE divulgados nesta quinta-feira.
A queda reflete, em especial, uma deterioração da balança comercial, principalmente devido aos altos preços de energia, impulsionados pelo conflito na Ucrânia. A zona do euro é importadora líquida de energia, ou seja, dependente de fontes externas.
No entanto, houve melhora em outros componentes do balanço de pagamentos. Um destaque é o investimento de portfólio, que apresentou valores negativos nos últimos meses e agora começa a dar sinais de uma recuperação, ainda que gradual, com a saída menos acentuada de fluxo de renda fixa. O movimento vai em linha com o processo de desaceleração, e provável interrupção, das compras de ativos pelo BCE no próximo trimestre.
Somando conta corrente, investimento direto estrangeiro e de portfólio, houve leve recuperação, saindo de -303 bilhões (o equivalente a -2,5% do PIB) pra -272 bilhões (-2,2% do PIB). Dado que a saída de fluxos nos últimos meses foi um dos fatores a pressionar pela desvalorização do euro, caso sustentada, tal recuperação pode trazer algum alívio à moeda.