No radar do mercado: ata do Copom reforça possível extensão do ciclo de altas na taxa Selic

O documento reforça que uma nova alta da Selic é algo provável na próxima reunião, mas de menor magnitude

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Getty Images

A ata do Copom divulgada hoje trouxe mais detalhes sobre o racional por trás da decisão da reunião da semana passada, quando houve um aumento de 100 pontos-base na taxa Selic, que hoje está em 12,75%.

O documento reforça que uma nova alta da Selic é algo provável na próxima reunião, mas de menor magnitude. Também destaca que a fase avançada do ciclo de aperto monetário exige uma cautela adicional, pois uma parte do efeito de alta nos juros ainda vai ser sentida na economia, além de existir uma elevada incerteza na conjuntura atual.

No cenário externo, o comitê destaca que as pressões inflacionárias globais se intensificaram com a demanda por bens elevada, os choques de oferta causados pela guerra na Ucrânia e pela onda de Covid-19 na China. No âmbito doméstico, ressalta que o crescimento da atividade econômica está em linha com o esperado. A inflação ao consumidor segue elevada e persistente, assim como a inflação de serviços e de bens industriais, com os recentes choques que levaram a um forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis.

Quanto aos seus cenários para a inflação, o comitê ressalta que há riscos em ambas as direções: de alta diante de uma persistência das pressões inflacionárias globais e de incertezas sobre o futuro do quadro fiscal do país; e de baixa, se houver uma reversão, mesmo que parcial, do aumento de preços de commodities internacionais em moeda local, além de uma desaceleração da atividade econômica.

Diante do cenário atual, projetamos uma alta de 50 pontos-base na reunião de junho e, dadas as projeções de inflação do comitê abaixo das expectativas do mercado, esperamos outra elevação de igual magnitude na reunião de agosto. Assim, mantemos a nossa visão de que a taxa Selic alcance o patamar de 13,75% ao ano, ao final do atual ciclo de aperto monetário.

Vendas no varejo crescem 1% em março

O volume de vendas no varejo teve uma alta mensal de 1% em março, após variar 1,1% em fevereiro, segundo dados do IBGE. O resultado veio acima das projeções do mercado (0,5%). No comércio varejista ampliado (que inclui atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção), houve alta de 0,7% no mês, também acima do consenso (-0,1%). Ambos os indicadores avançaram nos últimos meses e estão acima dos níveis pré-Covid.

O avanço de 1% foi puxado por altas em seis das oito atividades pesquisadas. As vendas sensíveis à renda aceleraram de forma mais clara nos últimos meses. O crescimento do consumo doméstico tem sido impulsionado por uma melhora nos salários reais e um baixo nível de taxa de poupança dos consumidores. Esses fatores compensam a queda nos empréstimos de crédito em meio a altas taxas de juros. Nossa projeção para o PIB do primeiro trimestre aumentou de 1% para 1,1% t/t.

Mercados

O Ibovespa operava perto da estabilidade na manhã de hoje, enquanto seus pares no exterior apresentavam uma recuperação. Isso acontecia porque houve queda do minério de ferro, que representa uma fatia considerável do índice brasileiro e que tem sofrido perdas nos últimos dias com os lockdowns impostos na China.

O tom mais ameno no exterior e ata do Copom refletiam nos juros futuros, que operavam em leve queda ao longo da curva. O dólar tem um dia de desvalorização e é negociado a 5,15 frente ao real.