No radar do mercado: revisão de cenários (brasileiro e global)

Divulgamos nossas revisões considerando os desafios crescentes com relação à sustentabilidade fiscal do Brasil e os riscos de recessão nos EUA e na zona do euro. Leia também nossas análises sobre o IPCA, relatório Focus e Payroll americano

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Getty Images

Revisão de cenário – Brasil: desafios crescentes

A sustentabilidade fiscal está voltando a ser um desafio relevante. Por isso, agora estimamos déficit primário neste ano e em 2023. Como a ampliação de benefícios sociais deve impactar positivamente a economia, revisamos a projeção do PIB para 2,0%. Dados mais fortes do mercado de trabalho e a melhor perspectiva para o PIB nos levaram a revisar a taxa de desemprego.

Reduzimos a projeção para o IPCA 2022, para 7,2%, pois incorporamos o efeito da fixação do preço médio ponderado ao consumidor final (PMPF), utilizado no cálculo do ICMS de gasolina e GLP na média dos últimos 60 meses. Para acessar o relatório completo,clique aqui.

Revisão de cenário – Global: desaceleração se intensifica

Diante do risco de recessão nos EUA e na zona do euro, revisamos a projeção do PIB global para 2,9% em 2022 e 2,6% em 2023. O Federal Reserve deve seguir com uma estratégia de realizar logo o aperto monetário (com alta de 0,75 p.p. em julho e taxa terminal em 4,0%-4,25%) devido à inflação elevada.

O Banco Central Europeu (BCE) iniciará a alta nos juros mais tarde que outros países (com 0,25 p.p. em julho, duas altas de 0,50 p.p., em setembro e outubro, e 0,25 p.p. em dezembro, encerrando em 1,0%). A China é exceção e deve ter crescimento forte no segundo semestre.Clique aquie leia o relatório completo.

IPCA sobe 0,67% no mês, abaixo do esperado

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho ficou em 0,67%, abaixo das expectativas (0,71%). Na base anual, o IPCA acumula alta de 11,89%, ante 11,73% de maio. Todos os grupos registraram alta no mês. Alimentação e bebidas, saúde e cuidados pessoais tiveram as maiores contribuições, impulsionados por alimentação fora do domicílio e pela dinâmica de preços dos planos de saúde, respectivamente. Transportes desaceleraram com as reduções de impostos sobre os combustíveis.

As medidas de núcleo seguem pressionadas. O IPCA-EX3 (que reúne componentes mais sensíveis ao ciclo econômico) cresceu 1% no mês e 10,6% em 12 meses (ante 10,1% do mês anterior). Já o índice de difusão atingiu 66,6% no mês, desacelerando frente aos 72,4% de maio, mas ainda em patamar elevado, sugerindo uma inflação disseminada.

Focus: cai projeção para o IPCA de 2022

Após quatro semanas, o Banco Central divulgou o relatório Focus. Como esperado, as expectativas de inflação caíram para 2022 (para 7,96%), após anúncio de medidas de redução de impostos, mas subiram para 2023 (para 5,01%).

Na política monetária, a mediana para a taxa Selic permaneceu em 13,75% para 2022, mas subiu para 2023 (para 10,50%). As medianas das expectativas cambiais e para o crescimento do PIB seguiram praticamente inalteradas.

EUA criam 372 mil vagas de emprego em junho

O relatório de folha de pagamentos dos Estados Unidos, o Payroll, indicou a criação de 372 mil vagas de trabalho em junho, bem acima das expectativas (268 mil) e praticamente mantendo o ritmo do mês anterior (384 mil, após revisão). Os ganhos de emprego ocorreram principalmente em serviços profissionais e empresariais, saúde, lazer e hospitalidade.

A taxa de desemprego permaneceu estável, em 3,6%, pelo quarto mês consecutivo. A taxa de participação teve leve queda no mês, de 62,3% para 62,2%. Os ganhos salariais por hora trabalhada avançaram 0,3% na comparação com maio, para 32,08 dólares. Após revisão para cima do mês passado de 0,3 para 0,4%, os salários apresentam avanço de 5,1% ano/ano (5,3% do mês anterior).

A sólida criação de vagas e as pressões salariais reforçam que a economia do país segue forte, corroborando a visão de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve promover mais uma alta de 75 pontos-base na taxa de juros na reunião deste mês.