Nossas revisões para os cenários local e global

Revisamos nosso cenário macroeconômico local, com a perspectiva de uma inflação mais alta, e global, com uma projeção de um crescimento global mais forte

Por Itaú Private Bank

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Crédito: Getty Images/Itaú Private Bank

Divulgamos nesta semana nossas revisões de cenário tanto local, diante das incertezas sobre o regime monetário atual, quanto global, com a perspectiva de um crescimento global mais forte.

Nos EUA, os dados de atividade mostraram uma forte resiliência da economia americana. Junto com a inflação de janeiro, que teve uma composição pouco favorável, há riscos de alta para a nossa projeção da taxa de juros terminal de 5,1%. Agora, é preciso acompanhar novas divulgações para avaliar os próximos passos do Fed.

Confira, abaixo, mais detalhes dos fatores que impactaram os mercados nos últimos dias.

CMN não discute metas de inflação

O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reuniu nesta semana. Como esperado, o encontro foi técnico, e as metas de inflação, em foco nas últimas semanas, não foram discutidas. Vale destacar que os membros do CMN se reúnem mensalmente e, usualmente, definem a meta de inflação no mês de junho.

Revisão de cenário – Brasil: inflação mais alta

As incertezas sobre o compromisso da política econômica com a inflação baixa e com a autonomia do Banco Central têm deteriorado as expectativas de inflação. Esperamos que o IPCA fique mais alto em 2023 (6,3%) e 2024 (4,2%). Mantemos a projeção de Selic em 12,50% em 2023 e 10,0% em 2024, mas vemos risco de juros elevados por mais tempo. Revisamos o PIB deste ano para 1,3%, o que não altera o desafio de equilíbrio das contas públicas.

Revisão de Cenário – Global: crescimento favorece dólar mais fraco

Revisamos para cima a nossa projeção para o crescimento global (para 3,4% em 2022 e 2,7% em 2023), diante dos preços mais baixos de energia e desinflação de bens, em uma configuração que favorece um dólar mais fraco. Nos EUA, a freada da inflação abre espaço para uma pausa na alta de juros pelo Fed (em 5,1%), mas existe risco de alta. Na Europa, há menos risco de recessão, enquanto para a China, projetamos um crescimento maior.

Inflação dos EUA avança em janeiro, em linha com o esperado

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA registrou uma alta de 0,5% em janeiro, após ter avançado 0,1% em dezembro. O núcleo do indicador, que exclui os itens mais voláteis, seguiu pressionado e avançou 0,4% no mês. De maneira geral, ainda que tenha vindo em linha com as expectativas, a composição do indicador veio um pouco menos favorável.

Vendas no varejo dos EUA superam expectativas

As vendas no varejo dos EUA avançaram 3% em janeiro, após retrair em dezembro (-1,1%), vindo bem acima das expectativas (2%). A leitura soma-se aos últimos dados de emprego e inflação que indicam maior resiliência da economia americana. Já produção industrial apresentou estabilidade (0%) em janeiro, enquanto o mercado esperava uma recuperação mais intensa do setor.

Inflação ao produtor avança nos EUA em janeiro

O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) nos EUA avançou 0,7% em janeiro, acima das expectativas. O indicador anual desacelerou e atingiu 6%, mas veio acima do esperado, impulsionado pela alta nos preços de energia. A leitura indica pressões inflacionárias persistentes e, bem como a maioria dos dados de atividade de janeiro, uma economia resiliente.

Preço de novas residências na China estabiliza em janeiro

Os preços de novas residências na China estabilizaram em janeiro na comparação mensal (0%), interrompendo a sequência de queda desde agosto de 2021. A divulgação repercute os esforços do governo para a recuperação do setor e a retomada da confiança de compradores de imóveis com a reabertura da economia, e sugere que as próximas leituras devem refletir o esperado quadro de estabilização.

Destaques da próxima semana 📅

No Brasil, os investidores estarão atentos à divulgação do IPCA-15 de fevereiro, que acontece na sexta-feira. Nos EUA, o Federal Reserve publicará na quarta-feira a ata da sua última reunião de política monetária. Além disso, acontece na próxima semana a divulgação do índice americano de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de janeiro.