O impacto da nova política de preços da Petrobras na inflação
Projeto do novo arcabouço fiscal deve ser votado na próxima semana; corte nos preços de combustíveis tem impacto negativo na inflação nos meses de maio e junho
Por Itaú Private Bank
As mudanças na política de preços da Petrobras e os desdobramentos relacionados à votação do novo arcabouço fiscal movimentaram a semana dos investidores. O impacto do corte nos preços dos combustíveis na inflação nos fez revisar a nossa projeção para o IPCA de 2023. Já o nosso tracking para o PIB subiu diante do resultado acima do esperado do comércio varejista. Confira mais detalhes dos destaques da semana:
Câmara aprova urgência do novo arcabouço fiscal
Após o deputado federal Cláudio Cajado, relator da proposta do novo arcabouço fiscal, apresentar sua análise do projeto de lei, a Câmara dos Deputados aprovou o pedido de urgência para a votação. Foram 367 votos a favor, acima dos 257 necessários, apontando um esforço de consenso entre os deputados. Com isso, de acordo com Arthur Lira, presidente da casa, o projeto deve retornar ao plenário na próxima semana.
Corte nos preços dos combustíveis reduz nossa projeção para o IPCA
A Petrobras anunciou o fim da estratégia de paridade internacional, implementando uma abordagem comercial, e cortou os preços de combustíveis. A estratégia usará referências de mercado para evitar repassar ao consumidor a volatilidade cíclica dos preços internacionais e da taxa de câmbio. Estimamos que os ajustes tenham um impacto negativo na inflação nos meses de maio e junho. Assim, revisamos para baixo nossa estimativa para o IPCA de 2023, de 6% para 5,8%.
Setor de serviços recua 0,3% no primeiro trimestre
O volume de serviços no Brasil avançou 0,9% em março frente a fevereiro. Na comparação anual, o setor avançou 6,3%. Ambos os resultados vieram acima do esperado. Com isso, o setor recuou 0,3% tri/tri no primeiro trimestre. A receita real no período foi impulsionada principalmente pelo agronegócio e pela resiliência do mercado de trabalho. Esperamos uma desaceleração gradual do setor nos próximos meses.
Comércio varejista avança 2% no primeiro trimestre
O volume de vendas no varejo teve um crescimento mensal de 0,8% em março, acima da expectativa. Na comparação anual, as vendas cresceram 3,2%. Com o resultado, o setor avançou 2,0% no 1T23. Nosso tracking (estimativa de alta frequência) para o PIB do 1T23 subiu para 1,4% tri/tri (3,4% a/a). Acreditamos que os números mostram uma certa resiliência da atividade econômica no primeiro trimestre. Apesar disso, esperamos uma desaceleração nas vendas nos próximos meses em meio aos juros elevados.
Dados de atividade da China desapontam em abril
Os dados de atividade da China do mês vieram abaixo do esperado pelo mercado. A produção industrial cresceu 5,6% a/a, abaixo da expectativa. Já as vendas no varejo subiram 18,4% a/a, impulsionada pelo efeito base de comparação do ano passado, enquanto a taxa de desemprego caiu para 5,2%. Diante dos números mais fracos, crescem os temores de uma desaceleração mais forte no segundo trimestre, pressionando as autoridades por medidas adicionais de estímulos.
Produção industrial e vendas no varejo avançam nos EUA
A produção industrial dos EUA subiu 0,5% em abril, acima das expectativas e da leitura de março. A utilização da capacidade da indústria avançou para 79,7%, em linha com as projeções. A produção manufatureira, por sua vez, surpreendeu positivamente e cresceu 1% na comparação mensal. Já as vendas no varejo dos EUA subiram 0,4% em abril, abaixo do esperado. Porém, o grupo de controle, que tem maior relação com o PIB, surpreendeu positivamente ao avançar 0,7%.