Payroll surpreende com forte criação de vagas nos EUA em janeiro
No Radar do Mercado: os EUA aceleraram o ritmo de criação de vagas, na contramão do esperado pelo mercado; no Brasil, a produção industrial seguiu estável em dezembro
Por Itaú Private Bank
O relatório de folha de pagamentos dos Estados Unidos, o Payroll, indicou a criação de 517 mil vagas de trabalho em janeiro. Os dados de dezembro também foram revisados para cima (de 223 mil para 260 mil). O resultado de hoje surpreendeu ao vir muito acima das projeções do mercado, que esperava uma desaceleração (188 mil).
O crescimento de postos de trabalho em janeiro foi generalizado, liderado principalmente pelos setores de lazer e hospitalidade, serviços profissionais e empresariais, além de cuidados com a saúde.
A taxa de desemprego também surpreendeu e caiu de 3,5 para 3,4%, enquanto a expectativa era de uma alta (3,6%). Já a taxa de participação subiu em janeiro de 62,3% para 62,4%, enquanto o mercado esperava a manutenção da leitura anterior.
Os ganhos salariais por hora trabalhada cresceram 0,3% no mês, para 33,03 dólares, em linha com as expectativas. Porém, a leitura de dezembro foi revisada para cima (0,4%). Nos últimos 12 meses, a alta registrada foi de 4,4%, desacelerando na comparação com o mês anterior, mas acima das projeções.
Os dados reforçam que o mercado de trabalho americano segue resiliente. A leitura, portanto, deve aumentar as apostas por uma taxa terminal alinhada às projeções divulgadas em dezembro pelo Federal Reserve (5,1%), já que, até ontem, o mercado precificava fim de ciclo em 4,9%.
Produção industrial do Brasil fica estável em dezembro
A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de dezembro apontou uma variação nula na produção nacional, em linha com as expectativas do mercado. Na comparação anual, a indústria recuou 1,3%, após quatro meses de crescimento.
No mês, três das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas registraram crescimento na produção, sendo que o principal avanço veio de bens de consumo duráveis. Na contramão ficou o setor de bens intermediários, que interrompeu dois meses consecutivos de crescimento.
Entre as 26 atividades industriais pesquisadas, 11 cresceram no mês. As influências positivas mais importantes vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (setor que teve o terceiro mês seguido de expansão) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que eliminou a queda verificada no mês anterior. Já os principais impactos negativos vieram de produtos alimentícios e metalurgia.
De maneira geral, a produção industrial retraiu nos últimos dois trimestres e em 2022 como um todo. À frente, acreditamos que as condições monetárias mais apertadas devem restringir a produção do setor. Nosso tracking do PIB para o 4T22 agora está em -0,1% t/t.